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São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 2003

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Iraquiano diz sentir "guerra próxima"

PAULO DANIEL FARAH
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Oito professores universitários iraquianos vieram a Porto Alegre para participar do 3º Fórum Social Mundial. Todos afirmam acreditar na iminência de uma guerra e buscam apoio contra um eventual conflito armado.
"No Iraque, todos sentem que a guerra está muito próxima e estão se preparando para defender sua pátria. Aqui em Porto Alegre viemos denunciar as ameaças norte-americanas e os efeitos devastadores do embargo sobre a população", afirma Hameed Said, 61.
Ele leciona história em Bagdá e faz parte da direção da Bayt al Hikma (Casa da Sabedoria), um dos principais centros de estudos da capital iraquiana.
Said era um dos iraquianos que participavam da "Marcha pela Paz, Contra a Militarização e a Guerra", que aconteceu na abertura do Fórum, em Porto Alegre, depois de ter comparecido a outra manifestação também no centro da capital gaúcha.
A seguir, trechos da entrevista que ele concedeu à Folha.
 

Folha - Qual o objetivo de sua participação no fórum?
Hameed Said -
Aqui em Porto Alegre viemos denunciar as ameaças norte-americanas e os efeitos devastadores do embargo, que já dura mais de 12 anos, sobre a população. Praticamente todos os povos do mundo são contra a guerra. No Brasil, isso é muito claro. Apesar da barreira linguística, as pessoas manifestam sua solidariedade de forma muito forte. Todos estão manifestando seu apoio ao povo iraquiano. E muitos americanos, apesar de toda a propaganda, opõem-se a uma ação militar contra o Iraque. De fato, vem aumentando a cada dia o número de pessoas que se opõem a qualquer tipo de conflito.

Folha - Há algum encontro previsto com membros do governo brasileiro?
Said -
Não, mas vamos nos encontrar com representantes de ONGs, sindicatos e partidos políticos. A Bayt al Hikma promoveu um encontro sobre a globalização no ano passado do qual participaram alguns brasileiros. Pretendemos nos encontrar com eles.

Folha-Como está a situação no Iraque atualmente?
Said -
Todos sentem que a guerra está muito próxima de ocorrer e estão se preparando para defender sua pátria.

O sr., pessoalmente, acha que vai haver uma guerra?
Said -
Todos os indícios apontam para isso. E esse sentimento faz com que os iraquianos se preparem para a guerra. Apesar de tudo, tentamos evitar um conflito por causa da destruição que vai causar e do sofrimento que atingirá as crianças, os idosos, todo mundo no país.

Folha-O ataque pode ser autorizado pela ONU apesar da oposição de membros como França, China e Rússia...
Said -
Não acredito. O Iraque vem fazendo tudo o que a ONU pediu, e nada foi encontrado. Não haveria razão para um ataque. Só queremos que a ONU cumpra seu papel e permita uma solução pacífica. E, além dela, a União Européia e todos os países devem evitar esta guerra terrível.


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