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Iraquiano diz sentir "guerra próxima"
PAULO DANIEL FARAH
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Oito professores universitários
iraquianos vieram a Porto Alegre
para participar do 3º Fórum Social Mundial. Todos afirmam
acreditar na iminência de uma
guerra e buscam apoio contra um
eventual conflito armado.
"No Iraque, todos sentem que a
guerra está muito próxima e estão
se preparando para defender sua
pátria. Aqui em Porto Alegre viemos denunciar as ameaças norte-americanas e os efeitos devastadores do embargo sobre a população", afirma Hameed Said, 61.
Ele leciona história em Bagdá e
faz parte da direção da Bayt al
Hikma (Casa da Sabedoria), um
dos principais centros de estudos
da capital iraquiana.
Said era um dos iraquianos que
participavam da "Marcha pela
Paz, Contra a Militarização e a
Guerra", que aconteceu na abertura do Fórum, em Porto Alegre,
depois de ter comparecido a outra
manifestação também no centro
da capital gaúcha.
A seguir, trechos da entrevista
que ele concedeu à Folha.
Folha - Qual o objetivo de sua
participação no fórum?
Hameed Said - Aqui em Porto
Alegre viemos denunciar as
ameaças norte-americanas e os
efeitos devastadores do embargo,
que já dura mais de 12 anos, sobre
a população. Praticamente todos
os povos do mundo são contra a
guerra. No Brasil, isso é muito claro. Apesar da barreira linguística,
as pessoas manifestam sua solidariedade de forma muito forte. Todos estão manifestando seu apoio
ao povo iraquiano. E muitos americanos, apesar de toda a propaganda, opõem-se a uma ação militar contra o Iraque. De fato, vem
aumentando a cada dia o número
de pessoas que se opõem a qualquer tipo de conflito.
Folha - Há algum encontro previsto com membros do governo
brasileiro?
Said - Não, mas vamos nos encontrar com representantes de
ONGs, sindicatos e partidos políticos. A Bayt al Hikma promoveu
um encontro sobre a globalização
no ano passado do qual participaram alguns brasileiros. Pretendemos nos encontrar com eles.
Folha-Como está a situação no
Iraque atualmente?
Said - Todos sentem que a guerra está muito próxima de ocorrer
e estão se preparando para defender sua pátria.
O sr., pessoalmente, acha que vai
haver uma guerra?
Said - Todos os indícios apontam para isso. E esse sentimento
faz com que os iraquianos se preparem para a guerra. Apesar de
tudo, tentamos evitar um conflito
por causa da destruição que vai
causar e do sofrimento que atingirá as crianças, os idosos, todo
mundo no país.
Folha-O ataque pode ser autorizado pela ONU apesar da oposição
de membros como França, China e
Rússia...
Said - Não acredito. O Iraque
vem fazendo tudo o que a ONU
pediu, e nada foi encontrado. Não
haveria razão para um ataque. Só
queremos que a ONU cumpra seu
papel e permita uma solução pacífica. E, além dela, a União Européia e todos os países devem evitar esta guerra terrível.
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