São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

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Painel

VERA MAGALHÃES (interina) painel@uol.com.br

Ressaca do PAC

Na reunião que terá com Lula no início de fevereiro, a direção do PT pedirá maior pressão sobre o Banco Central para a redução mais acelerada dos juros. "Não existe autonomia do BC. O presidente pode chamar a direção do banco e dizer que a política monetária está errada", diz o presidente do partido, Ricardo Berzoini.
Mesmo a ala do partido que defende a independência política do BC subiu o tom depois da decisão do Copom. "O PAC foi o clímax, e o anúncio dos juros, o anticlímax", diz o governador de Sergipe, Macelo Déda. Apesar da gritaria, os petistas não acreditam em mexida no BC agora. A avaliação é que, depois de relaxar o aperto fiscal, com o PAC, Lula não pode intervir na política monetária para não assustar o mercado.

Bedel. O PT acelerou a criação do seu Conselho de Economistas, a cargo do assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia. O partido quer instalar o órgão, que fará marcação cerrada sobre Henrique Meirelles, em um mês.

Apertar cintos. No Congresso, Guido Mantega foi apontado como co-responsável pela decisão do Copom, graças a sua estocada em Meirelles. "Esse vôo para Davos, com os dois lado a lado, deve ter sido cheio de turbulência", brinca um aliado.

Trégua. A crítica ao BC uniu PC do B e PT. "Quem foi eleito presidente com 60 milhões de votos, Lula ou Henrique Meirelles?", dizia ontem o site do partido comunista.

Pré-datado. A campanha de Arlindo Chinaglia (PT) à presidência da Câmara está pagando a maioria das despesas com cheques para 30 dias. Espera que, até o fim do prazo, o PT dê socorro financeiro.

Mapa da mina. O PP enviou um CD a seus deputados com a íntegra do PAC. Recomenda que façam emendas para as obras listadas. "Essas a gente sabe que não serão contingenciadas", diz o líder, Mario Negromonte (BA).

Esqueleto. A extinção da Rede Ferroviária Federal, uma das medidas do PAC, demandará a formação de um grupo de trabalho para o qual estão sendo criados 157 cargos de confiança. A estatal tem hoje 459 funcionários.

Conte até 10. Arlindo Chinaglia (PT-SP) foi aconselhado por aliados a controlar o pavio curto no debate de hoje na Folha. O petista prometeu aos aliados um debate de alto nível -mas já avisou que, se provocado, vai revidar.

Apetite. Já Aldo Rebelo (PC do B-SP) vai concentrar as críticas não a Chinaglia, mas ao "exclusivismo do PT". Dirá que, na presidência, pretende democratizar o acesso das forças políticas à Câmara, num aceno à oposição.

Amigos. No debate, Aldo defenderá Gustavo Fruet (PSDB-PR) da acusação de reter salários de assessores. Seus aliados acusam o PT. "De novo, é coisa de aloprados", disse Ciro Nogueira (PP-PI).

Rastros. Fruet rastreou o endereço IP usado para espalhar e-mails com o dossiê contra ele. Descobriu que as mensagens foram enviadas de Israel. Ontem, pediu à embaixadora do país, Tzipora Rimon, investigação sobre o tema.

TNT. Um dos prédios que o governador José Roberto Arruda (PFL) mandou implodir em Brasília é o esqueleto de um shopping no Lago Norte, sociedade entre o vice-governador, Paulo Octavio, o ex-senador Luiz Estevão e o ex-deputado Sérgio Naya.

Cofre cheio. O Tribunal de Justiça deu ganho de causa para a Prefeitura de São Paulo em ação movida pelo município de Poá contra a lei que obriga empresas situadas fora da capital a se cadastrar na administração paulistana.

Truque. A lei atinge empresas abertas em outros municípios para pagar menos impostos, mas que atuam na capital.

Tiroteio

"Lula só voltará a falar de reforma política na hora que precisar justificar outro escândalo do mensalão. Este é o governo do deixa como está".
Do senador JOSÉ AGRIPINO (PFL-RN) sobre a declaração do ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) segundo a qual a reforma política "não é essencial" para a governabilidade.

Contraponto

Boa vizinhança

Em reunião da bancada do PSDB nesta semana, Eduardo Gomes (TO) justificava a Gustavo Fruet (PR) o fato de ter embarcado na candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara e de ter chamado a "terceira via", capitaneada pela oposição, de "acostamento".
-Você ainda não era candidato-, dizia ele, tentando evitar rusgas com o colega paranaense.
Gomes, então, propôs a Fruet:
-Já que estamos resolvidos, vamos defender o PAC.
Antes que o deputado fosse cobrado por evidenciar mais uma "recaída" governista, completou:
-É o Programa de Aceleração de Candidatura!


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