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Candidatos à presidência da Câmara defendem privilégios
3 dos 4 deputados querem manter voto secreto e sigilo de gasto com verba indenizatória
Osmar Serraglio (PMDB), Michel Temer (PMDB) e Ciro Nogueira (PP) responderam às questões da Folha; Aldo Rebelo (PC do B) se recusou
MARIA CLARA CABRAL
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Três dos quatro candidatos à
presidência da Câmara dos Deputados defendem, ainda que
em graus diferentes, a manutenção de certos privilégios dos
parlamentares, que com frequência despertam polêmica
na opinião pública.
Voto secreto, equiparação salarial com o teto do Judiciário e
a possibilidade de uma "janela"
para a troca de partido são alguns desses exemplos.
A Folha submeteu os candidatos a um questionário com
oito perguntas, que incluía temas como a judicialização da
política, o fim da reeleição e o
nepotismo. Ciro Nogueira (PP-PI), Michel Temer (PMDB-SP)
e Osmar Serraglio (PMDB-PR)
responderam por escrito. Aldo
Rebelo (PC do B-SP) não se
manifestou.
As respostas mostram que os
deputados têm opiniões semelhantes na maioria dos temas.
Nenhum, por exemplo, defendeu a publicação das notas fiscais com a discrição dos valores
utilizados com a verba indenizatória de R$ 15 mil mensais
destinada a gastos como combustível e com consultorias.
"Pormenorizar a rotina do
deputado extrapola o seu direito à privacidade, direito esse
que todos os cidadãos devem
ter respeitados", argumentou
Ciro. "A prestação de contas já
se acha no site da Câmara e recebe fiscalização do Tribunal
de Contas", afirmou Temer.
Serraglio disse que o custo
administrativo para atender
esse tipo de demanda seria
considerável. "Se [os documentos] ocultarem algum vício, [os
deputados] respondem a processo. Sou a favor da disponibilização de qualquer comprovante, desde que questionado",
disse, sem especificar quem
poderia fazer esse questionamento.
Hoje a Câmara publica em
seu site os gastos gerais dos deputados com a verba indenizatória, mas a Casa proíbe o acesso de jornalistas às notas fiscais
das despesas.
Dos três candidatos, Temer
foi o mais enfático na defesa da
equiparação salarial com o teto
do Judiciário, atualmente de
R$ 24,5 mil. Os deputados recebem hoje R$ 16.512,09 mensais. Ciro defendeu que a Casa
"enfrente" a discussão sobre o
estabelecimento do teto nos
três Poderes. Serraglio não deu
opinião clara sobre o tema.
O reajuste salarial desgastou
o fim da legislatura passada.
Após repercussão negativa, deputados e senadores recuaram
de um aumento de mais de
90% nos próprios salários.
Autonomia do Legislativo
Na enquete, os três candidatos defenderam ainda a manutenção do sistema de voto secreto nos casos hoje previstos,
entre eles a eleição dos membros da Mesa Diretora e os vetos presidenciais. Sobre um dos
temas mais polêmicos no ano
passado, a suposta interferência do Judiciário no Legislativo,
Serraglio disse que não há uma
"diminuição" do Parlamento.
Ciro classificou como negativo o fato de o STF estar legislando no lugar do Congresso.
"A Câmara deve consolidar a
sua independência, votando
com celeridade os projetos".
Mais sucinto de todos, Temer
apenas reconheceu que o Judiciário "incursionou" em matéria reservada ao Legislativo.
Apesar de se dizerem favoráveis à decisão judicial que proibiu o nepotismo nos três Poderes, os dois peeemedebistas defenderam que, eventualmente,
o Legislativo venha a permitir
exceções. Ciro e Serraglio concordam com o projeto que permite a troca de partido, faltando pouco mais de um ano para
as eleições. Temer não se posicionou sobre o assunto.
O fim da reeleição é defendido por Ciro e Temer, embora o
último o faça com menos veemência. Para Serraglio, a "reeleição não foi ainda suficientemente testada".
Temer e Ciro, que respondem a processos judiciais, defenderam a restrição a candidaturas de políticos com ficha suja quando já exista condenação
definitiva. Serraglio é a favor de
barrar a candidatura de quem
já tenha sido condenado por órgão colegiado de tribunal.
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