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Empreiteira fez "tráfico de influência", diz PF
Relatório da Operação Castelo de Areia afirma que doações da Camargo Corrêa a candidatos estavam relacionadas a obras
Advogado da empresa diz que não fará comentários sobre documentos que estão sub judice; decisão do STJ suspendeu a operação
FERNANDO BARROS DE MELLO
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O relatório conclusivo da Polícia Federal sobre a Operação
Castelo de Areia, que investiga
a construtora Camargo Corrêa,
diz que a empresa fez doações a
candidatos e partidos políticos
durante a eleição de 2006 de
olho em obras públicas. O objetivo, informaram agentes, seria
o "tráfico de influência".
Segundo a PF, após análise
detalhada de mais de 200 doações, conclui-se que alguns dos
repasses estão "relacionados a
alguma obra, o que pode indicar que estas doações possam
ser fruto de tráfico de influência". "O grupo [Camargo Corrêa] "doou" pouco mais de R$ 4
milhões com objetivo de beneficiar partidos e/ou órgãos onde teria interesse direto", diz
trecho que faz parte de um dos
relatórios da Polícia Federal a
que a Folha teve acesso.
O advogado da empresa, Celso Vilardi, afirmou que não irá
tecer comentários sobre documentos que estão sub judice.
Desde a semana passada, por
ordem do Superior Tribunal de
Justiça, toda a operação está
suspensa. A defesa argumenta
que a investigação começou de
forma irregular e que, por isso,
todos os documentos apreendidos na Camargo Corrêa ou na
casa dos diretores devem ser
considerados nulos, inclusive a
planilha de doações eleitorais.
Em uma das listas apreendidas pela PF, que estava armazenada digitalmente num pendrive apreendido com um dos
diretores da empresa, há o registro de duas doações de R$
400 mil cada uma, feitas em dinheiro e sem registro de recibo,
para a "Eletrobrás-MMM". Ao
lado de uma das doações, aparece, na coluna "observações",
o nome "Silas".
Silas também é citado no
"candidato" Comitê (Eletrobrás). Nesse caso, foram duas
doações em cheque, totalizando R$ 260 mil, para o comitê financeiro do PMDB. A PF não
localiza quem é Silas.
Há ainda o registro de doações, também em dinheiro e
sem recibo, para os metrôs de
Salvador (R$ 263,8 mil) e de
Fortaleza (R$ 87 mil).
"Desta forma, temos doações
relacionadas a obras públicas
executadas pela Camargo Corrêa, como metrô de Salvador,
metrô de Fortaleza e Rodoanel,
além da citação de órgãos públicos junto aos quais a empresa presta algum tipo de serviço,
tais como EMTU (Empresa
Metropolitana de Transportes
Urbanos de São Paulo) e Eletrobrás-MMM (sigla esta relacionada ao Ministério das Minas e Energia)", complementa
a análise da polícia.
A planilha apreendida traz
um outro campo com siglas,
que, segundo a PF, seriam os
nomes de diretores e membros
do conselho da Camargo Corrêa "responsáveis pela solicitação das doações".
Noutro documento os agentes alertam para a prática de
"doações ocultas", ocorrida
quando a empresa dá o dinheiro ao partido para que este o repasse aos candidatos. Na planilha há várias citações de doações a "Partido -Lula", "Partido
-Serra" ou "Partido Alckmin",
todas registradas oficialmente
e com a relação dos recibos.
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