São Paulo, terça-feira, 26 de janeiro de 2010

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Grampo revela apoio de Geddel a grupo que venceu licitação

Ministro diz que conversa é "normal" e acusa governo baiano de politizar investigação apenas para atacá-lo

MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O ministro peemedebista Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) teve conversa telefônica gravada pela Polícia Civil baiana na qual promete apoio a um projeto de empresas de ônibus que disputavam com construtoras obras de mobilidade urbana em Salvador orçadas em R$ 628 milhões.
Provável adversário do governador da Bahia e ex-aliado, Jaques Wagner (PT), nas eleições estaduais deste ano, Geddel afirmou à Folha que "setores do governo do Estado" tornaram a investigação "política" para atacá-lo e agredi-lo. O governo nega a politização.
Autorizadas judicialmente, as gravações foram feitas durante investigações sobre suposta corrupção em contratos do transporte público baiano.
A reportagem teve acesso a trechos do inquérito policial, que ainda não foi concluído. A polícia não aponta nenhum crime na conversa gravada.
Geddel, que não era alvo da gravação, aparece em uma conversa gravada em outubro passado com o advogado Carlos Barral, representante de empresários de ônibus investigado pela polícia. Ele buscava apoio do ministro ao setor.
Na gravação, eles discutem sobre a disputa entre dois projetos de mobilidade urbana: corredores exclusivos de ônibus, projeto dos empresários do setor, e o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), apontado por Barral como de interesse das construtoras OAS e Odebrecht. As empresas negaram a disputa citada na conversa.
Segundo a polícia, na conversa o ministro promete apoio ao projeto de interesse dos empresários de ônibus e diz que vai conversar com funcionários da OAS e da Odebrecht para "compatibilizar interesses".
O projeto de corredores exclusivos saiu vitorioso na disputa -a licitação será lançada em abril. O governo estadual disse ter feito a escolha por causa do "baixo custo".
À Folha Geddel disse que "não há nada de anormal" na gravação. Segundo ele, seu apoio ao projeto é "público", porque é o "melhor projeto para Salvador, mais barato".
A assessoria do governo da Bahia disse que a investigação "foi feita sem pirotecnia e sem qualquer interferência política, respeitando rigorosamente os limites da legislação".


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