São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2000


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PRIVATIZAÇÃO
Para diretor do grupo espanhol Iberdrola, governo erra ao se desfazer de empresas que dão lucro
Investidor critica venda de elétricas

da Sucursal do Rio

O grupo espanhol Iberdrola, um dos maiores investidores no mercado brasileiro de energia elétrica, vê incoerência na intenção do governo brasileiro de privatizar as grandes geradoras de energia do país. "Não entendo por que o governo quer vender empresas que já estão pagas e que dão lucro", disse Esteban Serra Mont, diretor do grupo para a América Latina.
Serra Mont disse que a Iberdrola não tem intenção de entrar na disputa pelo controle de Furnas Centrais Elétricas, Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) e Eletronorte. Segundo ele, o grupo espanhol prefere investir na construção de unidades novas, aproveitando o potencial de crescimento do mercado brasileiro.
O grupo Iberdrola já controla -em parceria com a Previ (fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil) e com o Banco do Brasil- 34% da distribuição de energia elétrica nas regiões Norte e Nordeste e 11% da distribuição nacional.
A Iberdrola controla as distribuidoras da Bahia (Coelba), Rio Grande do Norte (Cosern) e de Pernambuco (Celpe). Os investimentos totais do grupo no Brasil, incluindo gás e telecomunicações, somam US$ 2,2 bilhões.
A opinião de Serra Mont sobre a venda das geradoras elétricas pelo governo brasileiro foi manifestada em jantar com jornalistas, no Iate Clube do Rio de Janeiro (Urca, zona sul), após entrevista coletiva sobre os investimentos do grupo no Brasil.
Ele disse que as geradoras poderiam dar lucro para o governo por muitos anos, enquanto o dinheiro das privatizações vai desaparecer em dois anos. Para Serra Mont, seria mais vantajoso para o governo ficar com as empresas e deixar que o setor privado investisse nas novas unidades que precisam ser construídas.
Na entrevista, o diretor da Iberdrola disse que o Brasil precisa a cada ano incorporar 4.000 megawatts de potência instalada ao seu parque gerador de energia elétrica, o que torna muito atraente o mercado de construção de novas usinas.
Dentro dessa filosofia, a Guaraniana, holding que concentra os investimentos conjuntos da Iberdrola com a Previ e o BB, vai construir no Brasil três usinas, com capacidade total de geração de 1.170 megawatts e investimentos de R$ 1,3 bilhão.
Das três, uma hidrelétrica com potência de 450 megawatts já está em construção no rio Jequitinhonha, na cidade de Itapebi (sul da Bahia). As outras duas são termelétricas e estão em fase de projeto, uma no Rio Grande do Norte (240 megawatts) e uma em Pernambuco (480 megawatts).
Serra Mont disse que a Guaraniana está procurando, virtualmente, fechar os capitais das empresas que controla no setor elétrico para, daqui a dois anos, colocar no mercado brasileiro e europeu ações da própria Guaraniana.
Os investimentos da Iberdrola no setor de gás são nas empresas CEG e Riogás, ambas no Rio de Janeiro. Gás, saneamento básico e geração de energia são prioridades nos investimentos futuros do grupo no país.
No setor de telecomunicações ela controla a Tele Leste Celular (Bahia e Sergipe) e, em parceria com a Telefónica de España, a Telesp fixa e a Tele Sudeste Celular (Rio e Espírito Santo).
Além disso, a parceria com a Telefónica tem também uma participação na CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações).
O consórcio terá que vender essa participação para se enquadrar nos limites impostos pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).


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