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PRIVATIZAÇÃO
Para diretor do grupo espanhol Iberdrola, governo erra ao se desfazer de empresas que dão lucro
Investidor critica venda de elétricas
da Sucursal do Rio
O grupo espanhol Iberdrola,
um dos maiores investidores no
mercado brasileiro de energia elétrica, vê incoerência na intenção
do governo brasileiro de privatizar as grandes geradoras de energia do país. "Não entendo por que
o governo quer vender empresas
que já estão pagas e que dão lucro", disse Esteban Serra Mont,
diretor do grupo para a América
Latina.
Serra Mont disse que a Iberdrola não tem intenção de entrar na
disputa pelo controle de Furnas
Centrais Elétricas, Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) e Eletronorte. Segundo ele, o
grupo espanhol prefere investir
na construção de unidades novas,
aproveitando o potencial de crescimento do mercado brasileiro.
O grupo Iberdrola já controla
-em parceria com a Previ (fundo de pensão dos empregados do
Banco do Brasil) e com o Banco
do Brasil- 34% da distribuição
de energia elétrica nas regiões
Norte e Nordeste e 11% da distribuição nacional.
A Iberdrola controla as distribuidoras da Bahia (Coelba), Rio
Grande do Norte (Cosern) e de
Pernambuco (Celpe). Os investimentos totais do grupo no Brasil,
incluindo gás e telecomunicações,
somam US$ 2,2 bilhões.
A opinião de Serra Mont sobre a
venda das geradoras elétricas pelo
governo brasileiro foi manifestada em jantar com jornalistas, no
Iate Clube do Rio de Janeiro (Urca, zona sul), após entrevista coletiva sobre os investimentos do
grupo no Brasil.
Ele disse que as geradoras poderiam dar lucro para o governo por
muitos anos, enquanto o dinheiro
das privatizações vai desaparecer
em dois anos. Para Serra Mont,
seria mais vantajoso para o governo ficar com as empresas e deixar
que o setor privado investisse nas
novas unidades que precisam ser
construídas.
Na entrevista, o diretor da Iberdrola disse que o Brasil precisa a
cada ano incorporar 4.000 megawatts de potência instalada ao seu
parque gerador de energia elétrica, o que torna muito atraente o
mercado de construção de novas
usinas.
Dentro dessa filosofia, a Guaraniana, holding que concentra os
investimentos conjuntos da Iberdrola com a Previ e o BB, vai construir no Brasil três usinas, com capacidade total de geração de 1.170
megawatts e investimentos de R$
1,3 bilhão.
Das três, uma hidrelétrica com
potência de 450 megawatts já está
em construção no rio Jequitinhonha, na cidade de Itapebi (sul da
Bahia). As outras duas são termelétricas e estão em fase de projeto,
uma no Rio Grande do Norte (240
megawatts) e uma em Pernambuco (480 megawatts).
Serra Mont disse que a Guaraniana está procurando, virtualmente, fechar os capitais das empresas que controla no setor elétrico para, daqui a dois anos, colocar no mercado brasileiro e europeu ações da própria Guaraniana.
Os investimentos da Iberdrola
no setor de gás são nas empresas
CEG e Riogás, ambas no Rio de
Janeiro. Gás, saneamento básico e
geração de energia são prioridades nos investimentos futuros do
grupo no país.
No setor de telecomunicações
ela controla a Tele Leste Celular
(Bahia e Sergipe) e, em parceria
com a Telefónica de España, a Telesp fixa e a Tele Sudeste Celular
(Rio e Espírito Santo).
Além disso, a parceria com a Telefónica tem também uma participação na CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações).
O consórcio terá que vender essa participação para se enquadrar
nos limites impostos pela Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações).
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