São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

QUESTÃO AGRÁRIA
Famílias ligadas ao MST ocupavam fazenda na cidade de Guairaçá
Confronto deixa 15 feridos no PR

da Agência Folha, em Curitiba

Confronto entre a Polícia Militar e famílias ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que ocupavam a fazenda Cobrinco/Figueira deixou 15 pessoas feridas, ontem de manhã, no município de Guairaçá (540 km de Curitiba), no noroeste do Paraná.
Foram detidos 26 trabalhadores rurais que tentaram resistir à operação de reintegração de posse realizada por aproximadamente 200 policiais militares. Dez continuavam presos no final da tarde de ontem.
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Cândido Martins de Oliveira, disse que os sem-terra construíram trincheiras na propriedade para dificultar a ação da PM, que começou por volta das 6h. Além disso, teriam usado coquetéis molotov e até atirado contra os soldados.
Já o MST acusou os policiais de agredir mulheres e crianças com golpes de cassetete e atirar com balas de borracha contra as famílias.
Os feridos foram levados para a Santa Casa de Paranavaí, cidade localizada a 50 km de Guairaçá. Segundo a direção do hospital, apenas 1 dos 12 sem-terra machucados no confronto continuava internado ontem à tarde, mas não corria risco. Os outros três feridos eram policiais militares.

Armas
O secretário de Segurança do Paraná afirmou que foram apreendidos revólveres e espingardas com os sem-terra que ocupavam a Cobrinco/Figueira, propriedade de 3.400 hectares.
Ele acrescentou que será instaurado inquérito policial para investigar como as armas chegaram ao acampamento.
A coordenação estadual do MST afirmou à Agência Folha que não tinha informações sobre o uso de armas pelos trabalhadores rurais.
A Justiça havia concedido aos proprietários da fazenda mandado de reintegração de posse no final de outubro do ano passado, quando a área foi invadida por cerca de 350 pessoas.
A desocupação, de acordo com Oliveira, não ocorreu antes por uma questão estratégica. "Estávamos estudando a melhor forma de realizar a operação, pois tínhamos a informação que os sem-terra utilizariam aquela área como base para invadir outras fazendas na região", disse.
O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) informou que existe um processo no qual o MST pede a desapropriação da Cobrinco/Figueira por considerar a propriedade improdutiva.


Texto Anterior: Governo não tem prazos definidos
Próximo Texto: Militantes do MST acampam no parque Ibirapuera
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.