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QUESTÃO AGRÁRIA
Famílias ligadas ao MST ocupavam fazenda na cidade de Guairaçá
Confronto deixa 15 feridos no PR
da Agência Folha, em Curitiba
Confronto entre a Polícia Militar e famílias ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que ocupavam a
fazenda Cobrinco/Figueira deixou 15 pessoas feridas, ontem de
manhã, no município de Guairaçá (540 km de Curitiba), no noroeste do Paraná.
Foram detidos 26 trabalhadores
rurais que tentaram resistir à operação de reintegração de posse
realizada por aproximadamente
200 policiais militares. Dez continuavam presos no final da tarde
de ontem.
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Cândido Martins
de Oliveira, disse que os sem-terra
construíram trincheiras na propriedade para dificultar a ação da
PM, que começou por volta das
6h. Além disso, teriam usado coquetéis molotov e até atirado contra os soldados.
Já o MST acusou os policiais de
agredir mulheres e crianças com
golpes de cassetete e atirar com
balas de borracha contra as famílias.
Os feridos foram levados para a
Santa Casa de Paranavaí, cidade
localizada a 50 km de Guairaçá.
Segundo a direção do hospital,
apenas 1 dos 12 sem-terra machucados no confronto continuava
internado ontem à tarde, mas não
corria risco. Os outros três feridos
eram policiais militares.
Armas
O secretário de Segurança do
Paraná afirmou que foram
apreendidos revólveres e espingardas com os sem-terra que ocupavam a Cobrinco/Figueira, propriedade de 3.400 hectares.
Ele acrescentou que será instaurado inquérito policial para investigar como as armas chegaram ao
acampamento.
A coordenação estadual do
MST afirmou à Agência Folha
que não tinha informações sobre
o uso de armas pelos trabalhadores rurais.
A Justiça havia concedido aos
proprietários da fazenda mandado de reintegração de posse no final de outubro do ano passado,
quando a área foi invadida por
cerca de 350 pessoas.
A desocupação, de acordo com
Oliveira, não ocorreu antes por
uma questão estratégica. "Estávamos estudando a melhor forma
de realizar a operação, pois tínhamos a informação que os sem-terra utilizariam aquela área como
base para invadir outras fazendas
na região", disse.
O Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária)
informou que existe um processo
no qual o MST pede a desapropriação da Cobrinco/Figueira por
considerar a propriedade improdutiva.
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