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PARANÁ
Luís Antônio Paolicchi, preso, é principal acusado em processo que já descobriu desfalque de R$ 74 milhões em Maringá
Desvio financiou eleição, diz ex-secretário
RONALDO SOARES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Dinheiro desviado da Prefeitura
de Maringá (norte do Paraná)
ajudou a financiar campanhas de
vários políticos do Estado, inclusive a da reeleição do governador
Jaime Lerner (PFL) em 1998, afirma o ex-secretário de Fazenda de
Maringá Luís Antônio Paolicchi.
O ex-secretário está preso e é o
principal acusado em um processo que até agora já descobriu um
desvio de cerca de R$ 74 milhões
dos cofres públicos.
A assessoria do governador negou as acusações, assim como outros citados por Paolicchi (leia
texto nesta página).
Em depoimento na sexta-feira
ao juiz Anderson Furlan Freire da
Silva, da Vara Federal Criminal de
Maringá, Paolicchi afirmou que
parte do dinheiro desviado foi
usado para pagar ""por fora" despesas da campanha de Lerner
-gastos com gráficas, estamparias, malharias e cabos eleitorais.
No depoimento, o ex-secretário
disse que o governador não tinha
conhecimento sobre a origem do
dinheiro, que segundo ele era repassado ao coordenador da campanha de Lerner no norte do Paraná, João Carvalho Pinto, a mando do ex-prefeito de Maringá Jairo Gianoto (sem partido).
O ex-secretário não especificou
o montante que teria sido desviado para gastos eleitorais.
Além de Lerner, a campanha do
senador Álvaro Dias (PSDB) ao
Senado também teria sido beneficiada, segundo Paolicchi.
O ex-secretário afirmou que
viagens do senador pelo norte do
Paraná foram feitas em um jatinho fretado por Gianoto e pago
com dinheiro público.
Segundo ele, o fretamento teria
sido pago ao doleiro Alberto
Youssef, dono do jatinho, e custou cerca de R$ 200 mil.
Paolicchi incluiu também o
atual procurador-geral do Estado,
Joel Coimbra, na lista de acusados. Segundo ele, a campanha de
Coimbra à Prefeitura de Maringá
teria sido parcialmente financiada
com recursos provenientes do
Serviço de Obras e Pavimentação
na gestão do antecessor de Gianoto, Said Ferreira (sem partido).
Ao todo, Paolicchi citou 19 pessoas como supostas beneficiárias
do esquema de corrupção. Durante o depoimento, que durou
mais de quatro horas, ele disse
que agia como funcionário subordinado e que apenas cumpria ordens de Gianoto e Ferreira.
A Agência Folha não conseguiu
localizar ontem os dois ex-prefeitos para comentar o assunto.
Entre os acusados por Paolicchi,
que responde a processo sob acusação de improbidade administrativa, lavagem de dinheiro, sonegação e formação de quadrilha,
estão também seis parlamentares
cujas campanhas teriam recebido
dinheiro desviado de Maringá.
São eles os deputados estaduais
José Borba (PMDB), Ricardo Barros (PFL), Ricardo Maia (PPS) e
Serafina Carrilho (PL) e os vereadores Walter Guerles (PSDB) e
Mário Hossokawa (PSDB). A relação dos citados pelo ex-secretário inclui ainda o ex-deputado federal Waldomiro Meger (PFL) e o
ex-vereador Ulisses Maia (PPS).
Levantamento feito pelo Tribunal de Contas do Paraná apurou
que somente na gestão de Gianoto houve um rombo de R$ 54 milhões -valores corrigidos- nas
contas públicas.
Se for levada em conta a administração de Ferreira, o rombo
chega a R$ 74 milhões, segundo o
órgão, que após o Carnaval iniciará levantamento nas contas durante a gestão do prefeito anterior, Ricardo Barros.
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