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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Apoio ao presidente cresce acima da média entre beneficiados pelo programa social
Bolsa-Família é principal razão para subida de Lula
VINICIUS TORRES FREIRE
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
O Bolsa-Família é o principal fator da recuperação de Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) nas pesquisas
de intenção de voto para presidente. Vêm das famílias dos eleitores beneficiadas por este programa social a maior parte dos
votos que levaram o presidente da
República de volta à liderança da
série de pesquisas Datafolha.
Lula seria batido hoje no primeiro e no segundo turno pelo
prefeito de São Paulo, José Serra
(PSDB), entre os eleitores que não
são beneficiados nem conhecem
favorecidos pelo Bolsa-Família.
Da pesquisa de outubro de 2005
à realizada nos dias 20 e 21 de fevereiro deste ano, Lula subiu de
30% para 39% das intenções de
voto, no cenário mais disputado,
em que concorrem Serra e Anthony Garotinho (PMDB).
Entre o eleitor beneficiado por
programas sociais (ou que tem
parentes beneficiados), a votação
de Lula subiu de 37% para 48%.
Na média da população, o presidente bate Serra por oito pontos
percentuais; entre os eleitores envolvidos com o Bolsa-Família,
vence por 21 pontos.
O social bate a corrupção
Novos números do Datafolha
mostram ainda que os programas
sociais são a principal causa de satisfação do eleitor que aprova o
governo Lula. Entre os entrevistados que têm como ótima a gestão
federal, 43% apontam tais programas como motivo de aprovação.
Quase metade desses eleitores
elogia Lula pela criação de programas que, embora amplificados
no governo petista, foram iniciados nos governos de Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002).
A segunda causa de aprovação
mais comum foi de ordem econômica, 24%, sendo que a maior
parte das referências positivas na
economia (75% delas) dizia respeito ao controle da inflação e dos
preços dos alimentos.
Quanto menor a renda familiar
do eleitor, mais importância se dá
a programas sociais, motivo de
aprovação do governo Lula para
45% do eleitorado de famílias
com renda até R$ 1.500 e para
33% daqueles de famílias com
renda maior que R$ 3 mil. A ordem das razões se inverte no caso
da economia, causa de satisfação
para 41% dos eleitores de maior
renda e de 21% dos mais pobres.
No universo de entrevistados
pelo Datafolha, 86% dos eleitores
declaram renda familiar inferior a
R$ 1.500; 5% declaram renda familiar mensal maior que R$ 3 mil.
A corrupção não é o motivo
mais citado para a desaprovação
do governo Lula. Entre quem
considera o governo ruim ou péssimo, os escândalos foram citados
como motivo de insatisfação por
20% dos entrevistados, abaixo
dos 29% de citações que receberam as promessas não cumpridas
pela administração petista.
As cobranças mais comuns de
promessas foram as relativas a
emprego e salários. A falta de trabalho é em si mesma motivo de
16% das queixas contra o governo, quase a mesma taxa (14%),
dos que consideram melhorias no
emprego um motivo de elogios.
Bolsa de votos
O Bolsa-Família é o guarda-chuva de programas sociais de
transferência de renda e de subsídios para a compra de gás e de alimentos. Em janeiro, atendia a 8,8
milhões de famílias, mais de 30
milhões de pessoas. O valor do
benefício médio está em R$ 62.
Os beneficiados pelo programa
são pessoas pobres, aquelas com
renda familiar per capita mensal
inferior a R$ 100, na definição do
governo. Segundo dados oficiais,
o Bolsa-Família atende a 77% das
famílias pobres, cerca de 11 milhões. Das famílias beneficiadas,
49% vivem no Nordeste.
É no Nordeste que a aprovação
do governo motivada pelo desempenho social é mais comum:
55% dos eleitores, contra 29% do
Sudeste, que se anima mais com a
economia (35%).
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