São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

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Igreja teme comércio de pílulas de frei Galvão

Santificação pode estimular oportunistas, afirma pároco da cidade natal de religioso

Produzidas com dinheiro de irmandade e distribuídas até para o exterior, pílulas são gratuitas, mas igreja já soube de caso de venda

Apu Gomes/Folha Imagem
A Catedral de Santo Antonio, em Guaratinguetá (SP), onde missa teve boneco de frei Galvão


FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUARATINGUETÁ

O padre Silvio César Florêncio, pároco da catedral de Santo Antônio, em Guaratinguetá (176 km a nordeste de São Paulo), teme que a canonização de frei Galvão estimule pessoas a tentar ganhar dinheiro com a venda de pílulas do frade, às quais é atribuído o poder de realizar milagres.
Diretor espiritual da Irmandade de Frei Galvão, entidade criada em 1999 que produz mensalmente 90 mil pílulas distribuídas na catedral e enviadas por correspondência a várias partes do Brasil e até do exterior, o padre apontou a necessidade de esclarecer a população sobre a gratuidade.
"Nas nossas missas e àqueles que recebem nossas pílulas pelo correio, informamos que elas são gratuitas, que ninguém deve pagar por isso. Mas é preciso fazer um alerta geral, porque a procura pelas pílulas deve aumentar muito com a canonização de frei Galvão", disse.
O franciscano Antônio de Sant'Anna Galvão, nascido em Guaratinguetá em 1739, será declarado santo pelo papa Bento 16 durante missa em 11 de maio, em São Paulo.
Segundo Florêncio, já foi registrado pelo menos um caso de venda de pílulas. Aconteceu em Lorena, cidade vizinha a Guaratinguetá, há quatro anos.
"Descobrimos o problema quando uma senhora quis pagar pelas pÍlulas que foram entregues a ela aqui na catedral. Quando dissemos que eram gratuitas, a mulher revelou que havia comprado anteriormente de alguém em Lorena. Procuramos essa pessoa, que era vista com muita freqüência por aqui, e a convencemos a parar de vender as pílulas", contou ele.
A produção das pílulas é bancada com o dinheiro das mensalidades pagas pelos 150 membros da Irmandade de Frei Galvão. O padre não revela o custo da fabricação. Diz apenas que não é um valor alto, já que compreende basicamente a compra do papel higienizado a partir do qual elas são feitas. A confecção é feita por 20 voluntárias.


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