São Paulo, terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Alvo certeiro

Entre as armas de que dispõe para reagir à demora na nomeação de seus indicados para o setor elétrico, o PMDB tem uma especialmente dirigida a Dilma Rousseff, maior foco de resistência ao avanço do partido sobre os cargos. A votação, pelo Senado, da indicação de Bernardo Figueiredo Oliveira para ocupar a diretoria-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) será usada para mandar um recado à ministra. Oliveira, subchefe de Articulação da Casa Civil, foi escolhido por Dilma para substituir Eliseu Resende Filho no comando da agência reguladora. A sessão em que seu nome será submetido ao plenário do Senado ainda não está marcada.

A calhar. Como a aprovação de Bernardo Oliveira desalojaria o filho de um senador do DEM, se o PMDB levar a sério sua ameaça de vingança contará com o apoio providencial da oposição para derrotar o governo em plenário.

Boa vizinhança. Talvez avisado da articulação velada dos peemedebistas, o indicado para a ANTT cumpre, desde a semana passada, um périplo pelos gabinetes dos senadores. Chega, se apresenta e pede apoio à nomeação.

Em campo. O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), entrou na negociação para tentar convencer seu partido a ceder à oposição a presidência da CPI dos Cartões Corporativos. Acha que a criação de duas comissões idênticas, ambas com a participação de senadores, seria desmoralizante para a Casa.

Lá e cá. Caso levem adiante a tática de replicar no Senado a investigação dos cartões, DEM e PSDB podem indicar os membros para a CPI mista. Assim não melindrariam deputados oposicionistas ávidos por espaço na comissão.

Protecionista. Pepe Vargas (PT-RS) enviou ao relator da CPI mista dos Cartões, Luiz Sérgio (PT-RJ), requerimento sobre os gastos do Planalto, via contas "tipo B" e cartões corporativos, com vinhos importados. Além de mirar o governo FHC, o deputado está interessado na economia de sua base eleitoral, na região de Caxias do Sul, maior produtora nacional.

Chamada. O presidente da CPI das ONGs, Raimundo Colombo (DEM-SC), costura acordo com o relator, Inácio Arruda (PC do B-CE), e Sibá Machado (AC), comandante do PT na comissão, para aprovar requerimentos represados. O DEM quer que PSDB e PDT façam seus membros na CPI aparecerem nas reuniões.

Agora vai. Relegada ao esquecimento, a CPI das ONGs espera ressurgir das cinzas na esteira do caso da contratação da Finatec, fundação ligada à UnB, por prefeituras. Integrantes da comissão avisam: o enrosco da Finatec não é o maior entre os já apurados.

Meio-termo. A resistência de boa parte dos deputados a que a sede da TV Pública seja no Rio caminha para a seguinte solução de compromisso: sede em Brasília, escritório geral de produção no Rio e, eventualmente, centros de produção em alguns Estados.

Fermento. Pesquisa do PC do B concluída na semana passada aponta liderança do tucano José Castelo em São Luís, com 32%. Mas nos últimos dois dias o rol de pré-candidatos se ampliou: o ex-governador José Reinaldo (PSB) e o deputado Gastão Vieira (PMDB), aposta dos Sarney, colocaram-se na disputa da capital maranhense.

Faísca. A liberação do anticoncepcional Contracep pela Anvisa colocou em rota de colisão os governos federal e paulista. O Estado acusa o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, diretor da agência, de atuar pela volta da comercialização do medicamento. "Ele pode entender de futebol. De remédio, ele não sabe nada", afirma Tania Lago, da secretaria da Saúde.

Tiroteio

Marx estava errado: o verdadeiro ópio do povo é a economia.


Do ex-governador paulista CLÁUDIO LEMBO (DEM), comentando a elevada aprovação ao governo Lula num cenário de resultados econômicos positivos e partidos políticos "completamente desativados".

Contraponto

Mocinho

Com a ajuda de um tradutor, Arlindo Chinaglia (PT-SP) comandou um "tour" de deputados dos EUA pela Câmara brasileira na quarta-feira passada. No plenário, onde o grupo se demorou mais, o presidente da Casa tentou quebrar o gelo elogiando a aparência de um dos visitantes, um senhor de meia-idade, alto e grisalho.
-Você parece o Henry Fonda-, comentou, simpático.
Percebendo o espanto do parlamentar diante da comparação com o famoso ator, que teve longa carreira até morrer em 1982, aos 77 anos, Chinaglia emendou:
-É claro que eu estou me referindo ao Henry Fonda do começo de carreira, não do final...


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