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Esquema em AL incluía juiz, diz PF
Investigação flagra conversa de magistrado com deputado sobre "aquele negócio do meu cunhado"
Segundo a polícia, promotor passou informações sobre investigações a integrantes do esquema em troca da inclusão de amiga na folha
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Investigação da Polícia Federal em Alagoas identificou ligações entre o Judiciário e o Ministério Público do Estado e a
suposta organização criminosa
que desviou R$ 280 milhões da
Assembléia Legislativa.
Em conversa telefônica gravada pela PF com autorização
da Justiça Federal, um juiz que
atua temporariamente no Tribunal de Justiça pede a um deputado estadual -segundo a
interpretação da PF- que um
cunhado seja colocado folha de
pagamento da Assembléia.
As escutas, segundo a PF,
também identificaram que o
promotor Cyro Blater, de Satuba (AL), passou informações
sobre as investigações a integrantes do esquema e, em troca, teve uma amiga incluída na
folha de pagamento do Legislativo. Ele nega a acusação.
O procurador-geral de Justiça, Coaracy Fonseca, disse que
foi instaurado procedimento
investigativo sobre o caso e solicitou à PF o envio de todas as
informações referentes a integrantes do Ministério Público.
A investigação da PF já levou
ao indiciamento, em dezembro
de 2007, de dez deputados estaduais, entre eles o ex-presidente da Assembléia, Antônio Albuquerque (DEM), suspeitos
de participarem do esquema de
desvio. Hoje outros dois deputados devem ser indiciados.
Em ligação interceptada pela
PF em 24 de outubro de 2007, o
juiz James Magalhães pergunta
ao deputado Cícero Amélio
(PMN), então primeiro-secretário da Mesa Diretora, sobre
"aquele negócio do meu cunhado". Na interpretação da PF, o
juiz pede emprego para o cunhado. O deputado responde
que a folha já havia rodado, mas
que no mês seguinte o cunhado
do juiz seria incluído na folha.
Em outra ligação, Amélio diz
a seu advogado que Magalhães
deverá acompanhá-los ao Tribunal Regional Federal da 5ª
Região, em Recife, quando irão
tratar da derrubada da liminar
que impede que o deputado tome posse como conselheiro do
Tribunal de Contas do Estado.
À Folha Magalhães negou a
troca de favores e disse que a
PF fez uma ilação equivocada
com base na conversa dele.
"As interceptações telefônicas confirmaram que membros
do Ministério Público Estadual
e do Judiciário alagoano são
beneficiados com o "esquema"
de inclusão de servidores fantasmas na folha de pagamentos
da Assembléia Legislativa do
Estado", diz o relatório da PF
encaminhado à Justiça Federal
e à Procuradoria da República.
O presidente do Tribunal de
Contas de Alagoas, Isnaldo Bulhões de Barros, disse que as
contas da Assembléia não sofreram fiscalização nos últimos
sete anos porque não havia nenhuma suspeita de irregularidade. Na semana passada, Barros designou uma comissão para fazer auditoria na folha. De
2002 a 2006, a folha do Legislativo aumentou cerca de 205%
sem ter havido concurso para
contratar novos servidores.
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