São Paulo, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

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Rainha recua e diz que áreas serão desocupadas

DA AGÊNCIA FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA (PR)

Um dia após o governo de São Paulo cancelar reunião com movimentos de sem-terra da região do Pontal, oeste paulista, o líder José Rainha Jr. anunciou um recuo nas invasões.
Ele diz que as 21 áreas invadidas por sem-terra (17, segundo a Polícia Civil) desde sábado serão desocupadas como "gesto de diálogo" com o governo.
O secretário da Justiça, Luiz Antonio Marrey, anunciou anteontem o rompimento das negociações com os sem-terra depois da onda de invasões.
"É a primeira vez que recuamos sem determinação judicial", disse o sem-terra ontem.
Antes do anúncio de Rainha, que está desautorizado desde 2006 pelo MST a agir em nome do movimento, a União Democrática Ruralista, irritada com a Polícia Militar, ameaçou processar o Estado de São Paulo pelas invasões.
A argumentação do presidente da UDR, Luiz Antônio Nabhan Garcia, é que a PM não agiu preventivamente contra as invasões, mesmo sabendo que estavam programadas.
Garcia se baseia em declarações de líderes do MST em 9 de fevereiro, durante invasão do Itesp (Instituto de Terras de São Paulo), em Presidente Prudente. Na ocasião, o grupo de Rainha anunciou a intenção de invadir 20 fazendas no feriado. Rainha promove o chamado "Carnaval vermelho" desde 2007, como forma de pressionar o governo paulista a agilizar a reforma agrária.
O comandante de policiamento na região de Presidente Prudente, coronel Homero de Almeida Sobrinho, diz, sem citar números, que o policiamento foi reforçado após o alerta. Mas diz que é pouco para evitar invasões de quem está predisposto a "praticar ações ilícitas".
Garcia, que representou criminalmente ontem contra líderes do MST no Ministério Público, diz que aguardará as investigações e o relato de danos por parte de fazendeiros para, uma vez constatada omissão policial, ingressar com ação por danos materiais e morais.

Paraná
O MST mudou de tática no Paraná e, em vez de invadir, acampou ontem próximo a três fazendas: Porta do Céu, em Florestópolis (norte do PR), de 1,8 mil hectares e de propriedade do grupo Atala, e nas fazendas Guairacá, de 5,8 mil hectares, e Pininga, 1,4 mil hectares. Estas duas ficam no distrito de Lerroville, em Londrina (378 Km de Curitiba). Segundo o MST, 190 famílias participaram da ação.
Em nota, a superintendência do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Paraná informou que as duas fazendas em Lerroville estão em processo de aquisição para reforma agrária.
O coordenador do MST no Paraná, José Damasceno, disse que as propriedades não foram invadidas porque o Incra já as está negociando. A PM de Londrina informou manter equipes monitorando os sem-terra.
O grupo Atala deve entrar nesta semana na Justiça com pedido de interdito proibitório, recurso que impede invasões. (SÍLVIA FREIRE, BRENO COSTA E JOSÉ MASCHIO)


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