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Rainha recua e diz que áreas serão desocupadas
DA AGÊNCIA FOLHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA (PR)
Um dia após o governo de São
Paulo cancelar reunião com
movimentos de sem-terra da
região do Pontal, oeste paulista,
o líder José Rainha Jr. anunciou um recuo nas invasões.
Ele diz que as 21 áreas invadidas por sem-terra (17, segundo
a Polícia Civil) desde sábado serão desocupadas como "gesto
de diálogo" com o governo.
O secretário da Justiça, Luiz
Antonio Marrey, anunciou anteontem o rompimento das negociações com os sem-terra depois da onda de invasões.
"É a primeira vez que recuamos sem determinação judicial", disse o sem-terra ontem.
Antes do anúncio de Rainha,
que está desautorizado desde
2006 pelo MST a agir em nome
do movimento, a União Democrática Ruralista, irritada com a
Polícia Militar, ameaçou processar o Estado de São Paulo
pelas invasões.
A argumentação do presidente da UDR, Luiz Antônio
Nabhan Garcia, é que a PM não
agiu preventivamente contra
as invasões, mesmo sabendo
que estavam programadas.
Garcia se baseia em declarações de líderes do MST em 9 de
fevereiro, durante invasão do
Itesp (Instituto de Terras de
São Paulo), em Presidente Prudente. Na ocasião, o grupo de
Rainha anunciou a intenção de
invadir 20 fazendas no feriado.
Rainha promove o chamado
"Carnaval vermelho" desde
2007, como forma de pressionar o governo paulista a agilizar
a reforma agrária.
O comandante de policiamento na região de Presidente
Prudente, coronel Homero de
Almeida Sobrinho, diz, sem citar números, que o policiamento foi reforçado após o alerta.
Mas diz que é pouco para evitar
invasões de quem está predisposto a "praticar ações ilícitas".
Garcia, que representou criminalmente ontem contra líderes do MST no Ministério Público, diz que aguardará as investigações e o relato de danos
por parte de fazendeiros para,
uma vez constatada omissão
policial, ingressar com ação por
danos materiais e morais.
Paraná
O MST mudou de tática no
Paraná e, em vez de invadir,
acampou ontem próximo a três
fazendas: Porta do Céu, em Florestópolis (norte do PR), de 1,8
mil hectares e de propriedade
do grupo Atala, e nas fazendas
Guairacá, de 5,8 mil hectares, e
Pininga, 1,4 mil hectares. Estas
duas ficam no distrito de Lerroville, em Londrina (378 Km de
Curitiba). Segundo o MST, 190
famílias participaram da ação.
Em nota, a superintendência
do Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária) no Paraná informou que as
duas fazendas em Lerroville estão em processo de aquisição
para reforma agrária.
O coordenador do MST no
Paraná, José Damasceno, disse
que as propriedades não foram
invadidas porque o Incra já as
está negociando. A PM de Londrina informou manter equipes monitorando os sem-terra.
O grupo Atala deve entrar
nesta semana na Justiça com
pedido de interdito proibitório,
recurso que impede invasões.
(SÍLVIA FREIRE, BRENO COSTA E JOSÉ MASCHIO)
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