São Paulo, Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 1999
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CRISE FEDERATIVA
Governadores não têm pauta única a apresentar porque situação em cada um dos Estados é diferente
Oposição chega à reunião com divisões

da Sucursal de Brasília


Na véspera da reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso, os seis governadores dos partidos de oposição (sem o peemedebista Itamar Franco, de Minas, que recusou o convite) não haviam conseguido fechar uma pauta única para apresentar ao governo federal.
Até o início da noite de ontem, as propostas da oposição eram as mesmas que constavam da "Carta de Porto Alegre", assinada no dia 5 de fevereiro.
A síntese do documento é a renegociação da dívida dos Estados. Sua redação desagradou o governo federal, que considera a ""Carta" inflexível demais.

Diferenças
As diferentes situações financeiras de cada Estado impediam a elaboração de um documento com propostas objetivas em outras áreas, já que os governadores admitiam a dificuldade de o governo federal aceitar a renegociação da dívida.
O Rio de Janeiro do governador pedetista Anthony Garotinho, por exemplo, nem sequer teve a rolagem da dívida aprovada pelo Senado Federal.
O governador José Orcírio dos Santos (PT-MS), o Zeca do PT, reclama da perda de arrecadação por causa da Lei Kandir, que isenta de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias) as exportações.
No início da noite de ontem, os governadores petistas Jorge Viana (AC), e Zeca do PT estavam reunidos com a cúpula do partido. Até as 19h de ontem, o governador Olívio Dutra (RS), também do PT, não havia chegado.
O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), e líder petista Luiz Inácio Lula da Silva queriam que os governadores do partido boicotassem a reunião.
Viana e Zeca do PT insistiam em participar do encontro. Olívio, por sua vez, já confirmou sua participação também.
"Devemos ir, mesmo porque a bancada de governadores da oposição defendeu a tese da importância da reunião para discutir a dívida dos Estados", disse Zeca do PT.

Outra reunião
Depois da reunião dos petistas, haveria uma nova rodada de conversas já com a presença dos governadores Ronaldo Lessa (PSB-AL), João Capiberibe (PSB-AP) e Anthony Garotinho.
O pedetista do Rio havia dito, durante a tarde, que não sabia de nenhuma reunião prévia.
A previsão era que a reunião invadisse a madrugada.
"Eu concordo que a pauta está ruim. No Pantanal, quando a gente quer muito uma coisa, a gente reza. Então, vamos passar a noite rezando", disse Zeca do PT.
Os governadores de oposição esperavam que, durante a reunião, marcada para começar às 21h, o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) comparecesse para apresentar as propostas do governo federal.
Zeca do PT disse que vai cobrar na reunião de hoje propostas do governo federal para ressarcir as perdas dos Estados decorrentes da Lei Kandir, do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal) e do Fundef (fundo de valorização do magistério).
O petista quer ainda que o governo federal apresente ao Congresso um projeto para limitar os gastos dos poderes Executivo e Legislativo. "Nós estamos cortando no osso e os caras continuam gastando", afirmou.
Já Viana afirmou que vai cobrar mudanças na política econômica do governo federal. Ele deverá propor a criação de frentes de trabalho para gerar empregos.


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