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Corregedoria pede ação contra Edmar por quebra de decoro
Mesa deverá enviar ao Conselho de Ética pedido de investigação contra deputado suspeito de uso irregular da verba indenizatória
Edmar Moreira, dono de castelo de R$ 25 milhões não declarado à Justiça, gastou
R$ 246 mil com empresas próprias entre 2007 e 2008
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a comprovação de diversos indícios de irregularidade, a Corregedoria da Câmara
recomendou a abertura de processo por quebra do decoro
parlamentar contra o deputado
Edmar Moreira (sem partido-MG). O caso deve ser avalizado
pela cúpula da Câmara na próxima terça-feira e depois enviado ao Conselho de Ética.
A comissão de sindicância
constatou que, além de usar notas de suas próprias empresas
de segurança -a Itatiaia e a
Ronda- para o ressarcimento
com gastos da verba indenizatória, há indícios de irregularidade no uso da verba. No total,
ele declarou gastos de R$ 246
mil entre 2007 e 2008 com segurança privada.
"Por unanimidade aprovamos o meu relatório, pois encontramos indícios de ofensa
ao decoro parlamentar", disse o
deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), relator do processo.
Procurado pela Folha, Edmar não quis se manifestar. Ele
tem até a data da abertura do
processo no Conselho de Ética
para renunciar ao cargo.
Uma das irregularidades
mais graves encontradas pela
comissão foi o fato de o próprio
deputado ter admitido que o
ressarcimento recebido em dinheiro vivo pela Câmara era direcionado para suas empresas,
mas nunca foi pago a pessoa jurídica e sim a pessoas físicas
que não tinham nenhum tipo
de vínculo empregatício com a
Ronda ou a Itatiaia. Durante
seu depoimento, no entanto,
nenhum nome de prestador de
serviço, além do de um suposto
coordenador, foi revelado.
Anteontem, dias depois do
depoimento à corregedoria,
Edmar limitou-se a entregar
cópia de um contrato de uma
de suas empresas com o coordenador. O problema é que o
documento não era autenticado -o que possibilita que ele
tenha sido impresso em qualquer dia- e era referente a 864
horas mensais de trabalho
-mais de 24 horas por dia.
Além disso, Edmar disse que
recebia o dinheiro antes de efetuar os pagamentos, não o contrário. Ainda segundo ele, os
supostos serviços de segurança
não eram periódicos, apesar de
as notas fiscais serem mensais,
com valores similares.
Edmar Moreira renunciou
ao cargo de corregedor dias
após ser eleito, depois de a Folha revelar que seu imóvel avaliado em cerca de R$ 25 milhões e não declarado à Justiça
estava à venda. Em entrevista,
ele, que seria o responsável pela
análise de processos por quebra do decoro, também deu declarações polêmicas, dizendo
se opor ao julgamento de congressistas pela própria Casa.
Além disso, a Ronda tinha
suas contas bloqueadas por
problemas com a Justiça. Ele
ainda responde a inquérito no
STF pela acusação de sonegação de Imposto de Renda e outro por sonegação de INSS.
Devido aos problemas com a
verba de Edmar Moreira, a Câmara resolveu tornar as notas
fiscais que justificam os gastos
públicas a partir de abril.
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