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Suíços acusam Alstom inglesa de corrupção
Segundo promotores, filial foi usada para pagar propina a políticos brasileiros; nomes e valores não foram revelados
Empresa é suspeita de ter pago para realizar obras em São Paulo a partir de 1995; filial no país diz que "repudia e desconhece" informação
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A filial inglesa da Alstom foi
usada para pagar propina a políticos brasileiros, segundo informações extraoficiais de promotores suíços transmitidas às
autoridades brasileiras que investigam a empresa.
O valor das comissões e os
nomes dos beneficiados não foram informados.
A Alstom está sob investigação no Brasil sob suspeita de ter
pago comissão ilícita para obter
obras públicas em São Paulo a
partir de 1995. Nesse período, o
Estado foi governado pelo
PSDB. Estão sob investigação
contratos do governo com o
Metrô e a Eletropaulo. As empresas negam ter cometido irregularidades.
Anteontem, policiais ingleses detiveram -e indiciaram-
três executivos ingleses da Alstom sob acusação de pagar propinas a políticos para obter
obras nas áreas de transporte e
energia na Ásia e na África.
Os executivos são acusados
de pagamento de comissões ilegais, lavagem de dinheiro e de
fraude na contabilidade da
companhia.
A ordem de detenção dos
executivos partiu da Suíça. Por
meio de nota, a Alstom inglesa
afirma que seus executivos foram levados para interrogatório e depois liberados.
Segundo as autoridades suíças, a Alstom forjava contratos
de consultoria para justificar
legalmente a saída do dinheiro
que seria usado para pagar comissões a políticos.
A Folha apurou que a documentação que serviu de base
para as detenções na Inglaterra
também tem informações sobre o Brasil.
As prisões foram resultado
de uma guinada na investigação suíça, iniciada em 2008.
Inicialmente, os promotores
suíços acreditavam que a Alstom usava um esquema para
pagar propinas em que a matriz
da empresa na França mandava dinheiro para a Suíça e um
banco fazia o trabalho sujo de
transformar o recurso lícito em
propina.
Neste ano, os investigadores
suíços descobriram que a Alstom Transport, cuja sede fica
em Rugby, na Inglaterra, também foi usada para pagar comissões ilegais. Ou seja, havia
duas fontes pagadoras de propina, se a hipótese dos promotores suíços estiver correta:
uma na Suíça e outra na Inglaterra. A revelação foi resultado
da quebra de sigilo bancário
das contas que recebiam recursos saídos da Alstom francesa.
Foi por meio de análise dessa
movimentação financeira que
as autoridades suíças decidiram congelar contas cuja titularidade é atribuída a dois brasileiros: Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas
do Estado e chefe da Casa Civil
no início do governo de Mário
Covas, e Jorge Fagali Neto, engenheiro e irmão do atual presidente do Metrô.
Por meio de nota, a Alstom
brasileira diz que "desconhece
e repudia" a informação de que
a sua filial inglesa remeteu dinheiro para o pagamento de
propina no Brasil.
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