São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2010

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Líder de atos contra Serra divide palco com Dilma

Presidente da Apeoesp foi convidada de evento de candidata com sindicalistas

Diante de público feminino, ministra antecipa medidas do PAC 2 para as mulheres, como construção de creches, e elogia licença de 6 meses


Adriano Vizoni/Folha Imagem
Dilma Rousseff, ministra e pré-candidata do PT, veste camiseta que ganhou no 2º Congresso das Mulheres Metalúrgicas do ABC

MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um ato de cunho eleitoral voltado para o eleitorado feminino, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, e o presidente Lula dividiram ontem o palanque durante a abertura do 2º Congresso das Mulheres Metalúrgicas do ABC com a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores de São Paulo), Maria Izabel Azevedo Noronha, que lidera a greve de parcela dos professores e tem comandado protestos contra o governador de São Paulo e provável adversário da ministra, o tucano José Serra.
Embora o ato fosse voltado para as mulheres metalúrgicas, "Bebel", como foi citada nominalmente por Dilma, compôs a mesa e foi homenageada pelo presidente do sindicato, Sérgio Nobre, que a chamou de "irmã nossa" e defendeu a greve dos professores. Ele disse que desde outubro Maria Izabel tenta entregar uma carta de reivindicações dos professores ao governo Serra, sem sucesso.
Dilma fez um discurso voltado para as mulheres, segmento em que cresce menos, segundo as últimas pesquisas. Antecipou o anúncio de uma medida do PAC 2, a segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento, que será lançado só segunda-feira por Lula em Brasília. "Tem uma coisa no PAC 2 muito importante para as mulheres e seus filhos. Nós vamos construir creches."
O congresso ocorreu no mesmo auditório em que Lula foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em 1978. "Esse auditório é solo sagrado", disse ele. "Esse local, o presidente Lula me ensinou, é histórico", repetiu Dilma.
Várias passagens do evento evidenciaram a campanha extemporânea, a começar pelo jingle "Olê, olê, olá, Dilma, Dilma", entoado várias vezes. Diretora do sindicato, Simone Vieira deixou claro, em seu discurso, que "a Dilma Rousseff é uma das inspirações" para a realização do 2º congresso. Acrescentou, ainda: "A Dilma é a nossa esperança".
Além disso, houve constrangimentos para explicar a realização do congresso agora, três décadas depois do primeiro, de 1978. O presidente do sindicato, Sérgio Nobre, alegou que as décadas de 80 e 90 foram de enfrentamento contra a ditadura e "a era do neoliberalismo".
Em quase meia hora de discurso, Dilma citou políticas do governo Lula destinadas às mulheres e defendeu a licença maternidade de 180 dias. Sem mencionar a pré-campanha, disse que as mulheres são "capazes de tomar decisões, de dirigir, de serem boas líderes e construírem ambiente de entendimento e compreensão".
A ministra disse ter ficado emocionada com um pôster que recebeu das metalúrgicas, com uma foto sua em primeiro plano e milhares de pessoas atrás, pois, na imagem, ainda usava peruca devido à perda de cabelos por conta do tratamento contra o câncer.
Lula ironizou o longo discurso de Dilma -"ela está falando mais que a mulher da cobra"- e também defendeu a licença maternidade de seis meses.


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