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REFORMA MINISTERIAL
Mais um ministro entra em processo de "fritura" podendo causar mal-estar ao governo
PPB e PTB disputam pasta da Agricultura
VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
O PPB e o PTB
estão disputando o Ministério
da Agricultura,
hoje ocupado
pelo senador
petebista Arlindo Porto (MG).
Com 79 deputados federais, o
PPB acha que já chegou a hora de
ter duas pastas no ministério de
Fernando Henrique Cardoso.
Atualmente, os pepebistas só têm
o Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo.
O PTB tem apenas 22 deputados
federais, mas ocupa duas vagas na
Esplanada dos Ministérios: Paulo
Paiva, no Trabalho, e Porto, na
Agricultura.
Essa reivindicação do PPB foi levada ao presidente da República
anteontem pela direção do partido. Os pepebistas disseram que
aceitariam qualquer ministério.
Entre as possíveis vagas para o
PPB, foram cogitadas as pastas do
Trabalho, da Agricultura e o eventual Ministério Extraordinário da
Habitação e Saneamento, cuja
criação está em estudo. Os pepebistas também estão de olho na
presidência da CEF (Caixa Econômica Federal).
De acordo com versões divulgadas por dirigentes pepebistas,
FHC teria acenado com a possibilidade de atender o pedido do partido. E, ontem de manhã, o presidente ou algum de seus assessores
teria indagado ao PPB se havia algum nome para o Ministério da
Agricultura.
Segundo a Folha apurou junto
ao PPB, o presidente deu a entender que poderia estar prestes a demitir Arlindo Porto.
No Palácio do Planalto, os assessores da Presidência da República
não confirmaram nem negaram
essa informação.
A assessoria do ministro Arlindo
Porto disse desconhecer essa
eventual demissão dele.
Recentemente, Porto ficou abalado pelo fato de sua mulher ter
sido apontada como usuária de
carros oficiais. Após essa acusação, o ministro chegou a pensar
em pedir demissão, mas o presidente Fernando Henrique não disse nem sim nem não.
"Fritura"
Ontem, ao saber do início de
"fritura" do ministro da Agricultura, a bancada do PPB na Câmara
começou a preparar um documento indicando um nome do
partido para o lugar de Porto.
Por volta de meio-dia, a bancada
do PPB já estava com o documento redigido, contendo 74 assinaturas. O nome indicado pelo partido
para o lugar de Porto foi o de
Francisco Turra, o pepebista que
atualmente ocupa a presidência da
Conab (Companhia Nacional de
Abastecimento).
Esse documento foi entregue ao
deputado Delfim Netto (PPB-SP) e
ao senador Epitácio Cafeteira
(PPB-MA), que ficaram com a
missão de levar a reivindicação até
o Planalto.
Até o final do dia, Fernando
Henrique não havia respondido
ao PPB. O problema é que o processo se tornou público no início
da tarde. E o PTB reagiu para segurar o ministro Arlindo Porto no
cargo.
O líder do partido na Câmara,
deputado Paulo Heslander (MG),
disse que a demissão de Arlindo
Porto "causaria um grande
mal-estar na bancada". Heslander
lembrou que o PTB é um aliado de
primeira hora de FHC, enquanto o
PPB lançou candidato próprio na
última eleição presidencial.
A favor do PTB estão dois fatores. Primeiro, Porto é senador
com mandato até 2003 e ficaria
eternamente descontente com
FHC pela fritura a que está sendo
submetido.
O segundo ponto a favor de Porto é ele ser ligado ao ex-governador mineiro Hélio Garcia, um dos
principais caciques daquele Estado. FHC não quer irritar outro político mineiro, depois do que
ocorreu com o ex-presidente Itamar Franco na convenção do
PMDB, que aconteceu no último
dia 8. O ex-presidente foi humilhado pelos governistas do PMDB
que defendem o apoio do partido
a Fernando Henrique.
Demitir Porto desagradaria Garcia e prejudicaria as tentativas que
FHC vem fazendo para acomodar
Franco em Minas Gerais.
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