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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ CPI DO BANESTADO
Corregedoria vai apurar acusação de doleiro contra José Mentor, que teria recebido R$ 300 mil para retirar seu nome de relatório
Câmara investigará suposta propina a petista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Corregedoria da Câmara dos
Deputados vai investigar a acusação de pagamento de propina no
valor de R$ 300 mil ao deputado
José Mentor (PT-SP), feita pelo
doleiro Richard Van Otterloo em
depoimento ao Ministério Público de São Paulo.
Mentor nega ter aceitado qualquer tipo de suborno para evitar a
inclusão do doleiro no relatório final da CPI do Banestado, no início de 2005, como acusa o doleiro.
O dinheiro teria sido pago sob
orientação de Flávio Maluf, filho
de Paulo Maluf, ex-prefeito de SP.
O depoimento chegou à Câmara em 19 de abril, dia em que o deputado, acusado de envolvimento
no mensalão, foi absolvido pelo
plenário da Câmara. O documento só foi enviado pelo presidente
da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), à Corregedoria anteontem.
Aldo pede o "exame dos fatos"
pelo corregedor-geral da Casa, Ciro Nogueira (PP-PI), que deverá
constituir uma comissão de sindicância com a participação de outros deputados, para tomar depoimentos, ouvir a defesa de
Mentor e chegar a uma conclusão.
A investigação é o primeiro passo para o início de um eventual
processo de cassação, que seria o
segundo enfrentado pelo petista.
A corregedoria pode sugerir o
arquivamento do processo, recomendar pena branda de advertência ou encaminhar a matéria
ao Conselho de Ética, para abertura de um processo de cassação.
Mentor, a partir do momento
em que for notificado, terá o prazo de cinco sessões para apresentar defesa por escrito ou comparecer para depor. A corregedoria
não tem prazo definido para chegar a uma conclusão.
O deputado petista disse ontem
que pretende colaborar com a investigação. "Eu não protegi ninguém na CPI, muito menos recebi
dinheiro de alguém", afirmou.
Mentor insinuou que o doleiro
pode estar se vingando em razão
de seu trabalho como relator da
CPI do Banestado. "Muitos doleiros não têm prazer nenhum em
ouvir meu nome. Foi a partir de
gestões minhas que informações
de contas no exterior vieram à tona", afirmou o petista.
Segundo Mentor, o depoimento
à corregedoria será "oportuno".
"O depoimento do doleiro foi enviado pelo Ministério Público de
São Paulo à Câmara sem o meu
conhecimento, o que é muito estranho. Até agora não tive a oportunidade de dizer nada sobre esse
caso", declarou o deputado. Mentor disse que estuda uma ação judicial contra Van Otterloo.
Julgamentos
O Conselho de Ética da Câmara
transferiu para hoje o julgamento
do processo contra o deputado
Vadão Gomes (PP-SP), acusado
de ter sacado R$ 3,7 milhões do
"valerioduto". A tendência é de
aprovação do pedido de cassação,
mas por margem apertada. Será a
primeira decisão do conselho
após a debandada de seis parlamentares, em protesto contra a
onda de absolvições de deputados, há duas semanas.
O plenário poderá hoje votar o
pedido de cassação do deputado
Josias Gomes (PT-BA). Isso ainda
dependia, no entanto, de uma autorização expressa de Gomes à
Mesa Diretora, uma vez que, pelos prazos regimentais, seu julgamento só ocorreria na semana
que vem.
(FÁBIO ZANINI)
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