São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ CPI DO BANESTADO

Corregedoria vai apurar acusação de doleiro contra José Mentor, que teria recebido R$ 300 mil para retirar seu nome de relatório

Câmara investigará suposta propina a petista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Corregedoria da Câmara dos Deputados vai investigar a acusação de pagamento de propina no valor de R$ 300 mil ao deputado José Mentor (PT-SP), feita pelo doleiro Richard Van Otterloo em depoimento ao Ministério Público de São Paulo.
Mentor nega ter aceitado qualquer tipo de suborno para evitar a inclusão do doleiro no relatório final da CPI do Banestado, no início de 2005, como acusa o doleiro. O dinheiro teria sido pago sob orientação de Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf, ex-prefeito de SP.
O depoimento chegou à Câmara em 19 de abril, dia em que o deputado, acusado de envolvimento no mensalão, foi absolvido pelo plenário da Câmara. O documento só foi enviado pelo presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), à Corregedoria anteontem.
Aldo pede o "exame dos fatos" pelo corregedor-geral da Casa, Ciro Nogueira (PP-PI), que deverá constituir uma comissão de sindicância com a participação de outros deputados, para tomar depoimentos, ouvir a defesa de Mentor e chegar a uma conclusão.
A investigação é o primeiro passo para o início de um eventual processo de cassação, que seria o segundo enfrentado pelo petista.
A corregedoria pode sugerir o arquivamento do processo, recomendar pena branda de advertência ou encaminhar a matéria ao Conselho de Ética, para abertura de um processo de cassação.
Mentor, a partir do momento em que for notificado, terá o prazo de cinco sessões para apresentar defesa por escrito ou comparecer para depor. A corregedoria não tem prazo definido para chegar a uma conclusão.
O deputado petista disse ontem que pretende colaborar com a investigação. "Eu não protegi ninguém na CPI, muito menos recebi dinheiro de alguém", afirmou.
Mentor insinuou que o doleiro pode estar se vingando em razão de seu trabalho como relator da CPI do Banestado. "Muitos doleiros não têm prazer nenhum em ouvir meu nome. Foi a partir de gestões minhas que informações de contas no exterior vieram à tona", afirmou o petista.
Segundo Mentor, o depoimento à corregedoria será "oportuno". "O depoimento do doleiro foi enviado pelo Ministério Público de São Paulo à Câmara sem o meu conhecimento, o que é muito estranho. Até agora não tive a oportunidade de dizer nada sobre esse caso", declarou o deputado. Mentor disse que estuda uma ação judicial contra Van Otterloo.

Julgamentos
O Conselho de Ética da Câmara transferiu para hoje o julgamento do processo contra o deputado Vadão Gomes (PP-SP), acusado de ter sacado R$ 3,7 milhões do "valerioduto". A tendência é de aprovação do pedido de cassação, mas por margem apertada. Será a primeira decisão do conselho após a debandada de seis parlamentares, em protesto contra a onda de absolvições de deputados, há duas semanas.
O plenário poderá hoje votar o pedido de cassação do deputado Josias Gomes (PT-BA). Isso ainda dependia, no entanto, de uma autorização expressa de Gomes à Mesa Diretora, uma vez que, pelos prazos regimentais, seu julgamento só ocorreria na semana que vem. (FÁBIO ZANINI)

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