São Paulo, quinta-feira, 26 de abril de 2007 |
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Pressão de Lula acelerou as mudanças no Meio Ambiente
Para o presidente, falta de agilidade em licenças ambientais pode atrapalhar o PAC
KENNEDY ALENCAR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por mais agilidade nas licenças ambientais, que ele acredita estarem atrapalhando o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), contribuiu para que a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) acelerasse o processo de reestruturação da pasta. Ainda é incerto se as mudanças, anunciadas ontem, surtirão efeito. Lula está contrariado com Marina, que vinha resistindo. Mas a ministra afirmou que nada mudará em termos de licenciamento ambiental para obras de infra-estrutura -parte vital do PAC. As mudanças no Ibama (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) são resultado de um processo de reorganização que Marina já vinha executando, além da pressão do Planalto. Marina tem comprado briga com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e com o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau. Dilma e Silas alertaram Lula para o risco de atraso de obras do PAC que garantirão energia elétrica. Em conversas reservadas, o presidente se queixa de um suposto excesso de zelo de Marina, de sua pasta e do Ibama na concessão de licenças ambientais. Crê que a ministra poderia ser mais flexível. No entanto, o presidente sabe que o prestígio internacional de Marina, admirada por organizações de preservação ambiental, é um ponto que conta a favor da imagem do governo. Lula não deseja atropelá-la politicamente. Não pensa em substituí-la, assim como Marina não deseja sair. A ministra avalia que está fazendo um trabalho correto e que, se os requisitos para a construção das obras foram atendidos, haverá a licença ambiental. Nos bastidores, Dilma e Marina têm trocado farpas. Para a ministra da Casa Civil, a colega exagera no caráter preservacionista, com o que Lula concorda. Já Marina acha que Dilma tem uma visão desenvolvimentista antiga e que aconselha mal o presidente, pois estaria colocando, segundo ela, o fator ambiental em segundo plano. Os dois grandes nós da atual disputa entre Dilma e Marina são duas usinas hidrelétricas no rio Madeira, que fica em Rondônia. As usinas Jirau e Santo Antônio são um empreendimento de uma associação entre a empreiteira Odebrecht e a estatal Furnas. O Ibama quer mais informações para autorizar a construção das usinas, que, juntas, deverão gerar aproximadamente 3.500 MW a partir de 2012. Dilma e Silas avaliam que esse pedido pode comprometer o cronograma e causar falta de energia para atender ao objetivo do governo de elevar o crescimento anual do PIB (Produto Interno Bruto) para cerca de 5%. Texto Anterior: CPI da Nossa Caixa pressiona PSDB em SP Próximo Texto: Alternativa: União descarta energia eólica a curto prazo Índice |
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