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Pimentel se rebela contra veto do PT à aliança com Aécio
Direção petista de Belo Horizonte vai recorrer da decisão da Executiva Nacional
Lula pode discutir crise com ministros na segunda; para ele, partido cometeu um erro porque, ao enfraquecer mineiro, fortalece Serra
Cristina Horta/"Estado de Minas"
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Aécio Neves participa, ao lado do prefeito Fernando Pimentel, de lançamento da TV Digital Minas
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PT de Belo Horizonte decidiu recorrer da decisão da direção nacional do partido de proibir a formação de aliança com o
PSDB na capital mineira. Em
reunião na manhã de ontem,
com cerca de 15 lideranças municipais, entre elas o prefeito
Fernando Pimentel, dirigentes
da sigla decidiram usar todos os
prazos legais e lutar pela coligação com o governador Aécio
Neves (PSDB), se preciso até na
Justiça Eleitoral.
O candidato mais provável da
aliança é Márcio Lacerda
(PSB), secretário estadual de
Desenvolvimento Econômico.
Contrariado com o que considerou "uma grosseria" com o
governador de Minas, o prefeito afirmou que "o PT nacional
trata como inimigo um adversário que quer se transformar
num aliado". Pimentel disse
que a direção nacional do PT
"está optando pela linha do isolamento político que levou o PT
a maus resultados no passado".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que o PT nacional errou ao vetar a aliança
porque isso enfraquece Aécio e
fortalece o governador de São
Paulo, José Serra (PSDB). Ambos ambicionam disputar a
Presidência em 2010.
A Folha apurou que Lula
pretende discutir em reunião
com ministros na segunda-feira a crise entre o PT nacional e
a seção mineira da sigla. Anteontem, ao saber da decisão,
Lula a chamou de "burrice" em
conversa reservada.
Pimentel, que ontem teve
uma reunião longa com Aécio,
disse que "o que está sendo decidido não está no estatuto do
partido". "Quem pode rever a
decisão de uma convenção é só
outra convenção", disse. "Acho
que o presidente [nacional do
PT] Berzoini cometeu um
equívoco político."
No mesmo dia, o governador
afirmou que, se a aliança não
ocorrer, "os mineiros vão lamentar". "Espero que essa decisão do PT seja amadurecida e
eventualmente contornada."
"Temos que ter muita paciência com a Executiva Nacional: trabalham sentados em
Brasília sem descolar os olhos
da avenida Paulista", criticou o
deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG).
A estratégia do PT-BH é esticar a questão até junho, prazo
final dado pela Justiça Eleitoral para a realização de convenção, quando será votada a proposta de aliança com o PSDB.
Avaliam as suas lideranças,
conforme apurou a Folha, que
o PT nacional nada poderá fazer contra, porque até lá não
terá ainda havido nenhuma
proposta oficial no papel.
Se, mesmo depois disso, o PT
nacional a proibir, existe a disposição de recorrer à Justiça
Eleitoral com o argumento de
que uma decisão de convenção
só pode ser derrubada por outra convenção e que, em eleição
municipal, a convenção municipal deve ser soberana. Advogados já estão sendo contatados para preparar essa defesa.
O recurso ao diretório nacional, que é uma instância superior à Executiva, teria o propósito de questionar o fato de a
Executiva ter tomado uma posição sem que houvesse aliança
formal com o PSDB.
O prefeito de Belo Horizonte
foi criticado pelo vice-presidente José Alencar, em discurso durante encontro do PRB
mineiro. Para ele, faltou habilidade nas negociações e nomes
importantes na política de Minas, como os ministros Patrus
Ananias (Desenvolvimento Social) e Luiz Dulci (Secretaria
Geral da Presidência), não foram consultados.
Aliados de Lula lembram
que, ao dar aval ao acordo entre
PT e PSDB em BH, ele aconselhou Pimentel a discutir com
os petistas mineiros o melhor
candidato no PSB. Os nomes
citados para disputar a prefeitura eram os de Márcio Lacerda e de Ana Lúcia Gazzolla, ex-reitora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Outro nome
Uma solução para a crise, segundo um ministro, poderia ser
a troca de Lacerda. Amigo do
deputado federal Ciro Gomes
(PSB-CE), ele é visto como um
nome muito associado a Aécio.
Pimentel e Ciro não querem
trocar Lacerda, que também
contava com o apoio de Aécio.
Ana Gazzolla, por outro lado,
tem boas ligações com tucanos
e petistas em Minas.
A troca de nomes agradaria a
Patrus e Dulci e poderia servir
de argumento para mudar a decisão da Executiva Nacional.
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