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Alckmin diz que não será cabo eleitoral para Serra
Ex-governador receia ter futuro político atrelado ao do colega, dizem interlocutores
Em 2010, Alckmin só poderá concorrer ao governo de São Paulo caso Serra abra mão da reeleição para se lançar candidato à Presidência
CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob pressão para que desista
da corrida municipal, o ex-governador Geraldo Alckmin
(PSDB) já não esconde, em
conversas, sua insatisfação
com o governador de São Paulo,
José Serra, a quem é atribuído o
patrocínio da aliança PMDB-DEM na capital. Ao relatar a
reunião que tivera na véspera
com o prefeito de São Paulo,
Gilberto Kassab (DEM), Alckmin alegou, segundo interlocutores, que não concorda com a
idéia de esperar para concorrer
ao governo em 2010 por dois
motivos: ainda falta muito tempo até lá e porque não será "cabo eleitoral de luxo" da campanha de Serra à Presidência.
Seu medo, dizem tucanos, é
ter o futuro político atrelado ao
de Serra. Em 2010, Alckmin só
poderá concorrer caso Serra
abra mão da reeleição para disputar a Presidência.
Também ontem, Alckmin falou de Serra numa conversa
com o presidente municipal do
PSDB, José Henrique Reis Lobo, e o vice-presidente, deputado Júlio Semeghini.
Aos dois, disse que Serra é
beneficiário da aliança entre
DEM e PMDB. Por isso parece
lógico que o acordo seja debitado na conta do governador.
Ainda assim, disse que não
acreditava na sua participação.
Lobo é secretário de Serra.
Na tentativa de se livrar da
asfixia imposta pelos kassabistas, Alckmin intensificou a
pressão sobre o Diretório Municipal e obteve o compromisso
de que, na próxima segunda,
avalize a candidatura própria.
Na ofensiva, alckmistas reivindicam a presença do candidato no programa estadual do
PSDB. Alckmin avalia a hipótese de participar de ato pela candidatura própria na segunda.
Sem a oficialização da pré-campanha, o grupo de Alckmin
encontra dificuldades para definir alianças, montar a equipe
e arrecadar recursos. Em reunião ontem, obteve de Lobo a
promessa de que uma decisão
final sairá no dia 5.
Pelo acordo, o diretório se
reunirá para referendar a decisão da Executiva -a candidatura própria. Pelo roteiro idealizado, Alckmin será aclamado
candidato antes de 12 de maio,
em convenção do partido.
Nos últimos dias, com a iminência do acordo DEM-PMDB,
que acabou se concretizando
anteontem, Alckmin e seu grupo passaram a correr atrás de
apoio. Mas, segundo a Folha
apurou, o ex-governador ouviu
de eventuais aliados o argumento de que não há condições
de fechar alianças sem ter uma
certeza da candidatura.
Caixa vazio
Com a ruptura da parceria
DEM-PSDB, emissários de
Alckmin têm enfrentado dificuldades para convencer o empresariado de que ele irá concorrer -com chances de vitória
e boa estrutura- a prefeito.
Entre alckmistas, a função de
"sondar" os empresários acabou sendo delegada em especial ao ex-secretário de Planejamento Fernando Braga.
Segundo colocado na disputa
presidencial de 2006, ele até
agora não conseguiu assinar
contrato com um marqueteiro
de ponta. Marta Suplicy (PT)
terá João Santana e Kassab fechou com José Maria Braga.
Até agora, o publicitário mais
próximo de Alckmin é Oswaldo
Martins, levado até o ex-governador pelo ex-secretário João
Carlos Meirelles. Nos últimos
dias, porém, o QG alckmista
tem se ocupado apenas em discutir como furar o bloqueio de
Kassab, deixando em segundo
plano a montagem da equipe.
Sem dinheiro, Alckmin procura se escorar na sua popularidade -divide com Marta a liderança da última pesquisa Datafolha. Nesse campo, segundo a
Folha apurou, ele tem a ajuda
do padre Marcelo Rossi, fenômeno multimidiático da Igreja
Católica, e de seu ex-secretário
de Justiça, Édio Silva Júnior, ligado ao movimento negro.
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