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OAB condena uso de algemas em prisão de advogado pela PF
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil),
Luiz Flávio Borges d'Urso, condenou o uso de algemas na prisão do advogado Ricardo Tosto,
questionou o próprio mandado
de prisão temporária e disse
que a busca de documentos em
escritórios de advocacia fere a
legislação.
"Basta de prisões desnecessárias, basta de invasões de escritórios de advocacia, basta da
utilização generalizada de algemas desnecessariamente, basta
de violações das prerrogativas
profissionais dos advogados",
prega a nota.
Tudo isso havia sido autorizado pela Justiça federal.
Segundo D'Urso, a algema foi
utilizada não para preservar a
integridade do preso ou dos policiais, mas para humilhar. Segundo a nota, "não havendo resistência [do preso], a utilização de algemas é abusiva, viola
a dignidade humana, humilha,
estigmatiza e se presta exclusivamente para emoldurar o fato
que perpetua a imagem largamente publicada, a provocar
um verdadeiro linchamento
moral daquele que deve ser tratado como inocente".
Não há lei no Brasil que prescreva os casos em que a polícia
deve usar algemas. A polícia repete há anos que usa algemas
para preservar a própria integridade do preso.
Tosto foi preso na presença
de um integrante da comissão
de direitos e prerrogativas da
OAB, como determina a lei.
Em nota, a OAB diz "repudiar
veementemente os excessos
cometidos" pela Polícia Federal na Operação Santa Tereza.
A entidade condena também o
uso reiterado do recurso da prisão temporária: "Não se admite
a banalização de prisões temporárias, as quais não atendam
a imprescindibilidade para
produção de prova, contrariando o que determina a lei".
A OAB ataca a operação de
busca e apreensão feita no escritório de Tosto. A legislação
considera o escritório inviolável -a sua invasão viola, em tese, a cláusula que preserva a relação de confidencialidade entre cliente e advogado. Diz a nota: "Não se admite a busca e
apreensão em escritórios de
advocacia com o fim de se buscar nos arquivos documentos
de clientes, ferindo a inviolabilidade desses escritórios e seus
arquivos, prevista em lei".
Dois policiais federais ouvidos pela Folha sob a condição
de que seus nomes não fossem
revelados dizem que a inviolabilidade não vale quando o advogado comete um crime.
A nota da OAB critica a dificuldade que os advogados enfrentam para ter acessos aos
autos e saber quais são as acusações contra seus clientes.
Tosto foi preso ontem pela manhã e um de seus sócios só conseguiu ter acesso ao pedido de
prisão por volta das 20h, cerca
de 12 depois da prisão. Segundo
a entidade, o segredo de Justiça
desses processos é uma falácia,
já que "destina-se somente à
defesa". Para a OAB, esse segredo não vale para a mídia.
Alguns dos principais advogados criminalistas de São Paulo foram visitar Tosto ontem
na PF. Passaram por lá José
Carlos Dias, Tales Castelo
Branco, José Roberto Leal e
José Roberto Batochio. Foram
recebidos pelo superintendente da PF, Jaber Saadi.
A PF não tinha a intenção de
ouvir Tosto ontem. Segundo a
lei, a polícia pode interrogá-lo
até no quinto dia em que acaba
a prisão preventiva. Após ouvir
os advogados, Saadi mandou
seus subordinados ouvirem
Tosto.
(MARIO CESAR CARVALHO)
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