São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUCESSÃO

UNE decide pela neutralidade na eleição

Proposta de apoio a candidata petista, defendida por minoria, nem chegou a ser votada em congresso

DA SUCURSAL DO RIO

A UNE decidiu em votação que marcou o final do 58º Coneg (Conselho Nacional de Entidades Gerais) que se manterá independente e não apoiará candidato nas eleições para a presidência da República.
No último dia do encontro, realizado no Rio de Janeiro, a expectativa era que fosse votada uma proposta de apoio à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. A ideia era defendida por uma corrente minoritária da UNE que tentava conquistar a adesão da maioria dos delegados com direito a voto.
Na madrugada de ontem, porém, o grupo decidiu não levar a ideia para votação.
Também nem chegou a ser votada outra proposta: a de uma campanha dos estudantes contra o pré-candidato do PSDB, José Serra.
O presidente da UNE, Augusto Chagas, disse que o resultado reafirma a independência e a pluralidade de opiniões da instituição. "Quem deve ter candidato em disputa eleitoral são os partidos políticos. O papel da UNE é diferente, ela deve contribuir para o debate com o que há de mais valioso no processo eleitoral, as propostas", disse.
Chagas destacou que, mesmo sem apoio a campanhas, os estudantes aprovaram um programa contra a tese do Estado mínimo, contra as privatizações e os cortes na educação.
O próximo passo será levar o programa aprovado pelo congresso da entidade para ser discutido nas universidades.
Sobre as críticas de que a UNE teria se tornado neutra na disputa eleitoral, Chagas afirmou que a entidade não tem problemas em discutir propostas, e que já fez uma série de protestos à política macroeconômica do governo.
O programa aprovado ontem contém muitas críticas a políticas adotadas no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ao neoliberalismo.
"O discurso neoliberal sobrevive no nosso país, seja nos editoriais da mídia elitista saudosa dos anos FHC, seja nas propostas de políticos que defendem o Estado mínimo disfarçadamente", afirma o programa.
Para Tasso Brito, terceiro vice-presidente da UNE e um dos defensores de um apoio oficial a Dilma, não houve derrota porque as decisões da UNE são feitas de acordo com a votação e a vontade da maioria.
"Saímos com um programa que está muito próximo ao programa da Dilma. (...) Saímos com o sentimento de que é um posicionamento", disse pouco depois da votação.
O deputado federal Otávio Leite, do PSDB, classificou a decisão da UNE de se manter independente como sensata. Leite disse que fará hoje uma proposta oficial para que a UNE realize um debate entre o pré-candidato tucano José Serra e Dilma e que ele seja transmitido em tempo real para todas as universidades.
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, que participou do encontro da UNE no sábado, também defendeu que a instituição se mantivesse independente na disputa eleitoral.


Texto Anterior: Por Tuma, PP assedia PTB em São Paulo
Próximo Texto: Foco: Deputado do RS faz curso para conquistar eleitores com força do pensamento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.