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SUCESSÃO
UNE decide pela neutralidade na eleição
Proposta de apoio a candidata petista, defendida por minoria, nem chegou a ser votada em congresso
DA SUCURSAL DO RIO
A UNE decidiu em votação
que marcou o final do 58º Coneg (Conselho Nacional de Entidades Gerais) que se manterá
independente e não apoiará
candidato nas eleições para a
presidência da República.
No último dia do encontro,
realizado no Rio de Janeiro, a
expectativa era que fosse votada uma proposta de apoio à
pré-candidata do PT, Dilma
Rousseff. A ideia era defendida
por uma corrente minoritária
da UNE que tentava conquistar
a adesão da maioria dos delegados com direito a voto.
Na madrugada de ontem, porém, o grupo decidiu não levar a
ideia para votação.
Também nem chegou a ser
votada outra proposta: a de
uma campanha dos estudantes
contra o pré-candidato do
PSDB, José Serra.
O presidente da UNE, Augusto Chagas, disse que o resultado
reafirma a independência e a
pluralidade de opiniões da instituição. "Quem deve ter candidato em disputa eleitoral são os
partidos políticos. O papel da
UNE é diferente, ela deve contribuir para o debate com o que
há de mais valioso no processo
eleitoral, as propostas", disse.
Chagas destacou que, mesmo
sem apoio a campanhas, os estudantes aprovaram um programa contra a tese do Estado
mínimo, contra as privatizações e os cortes na educação.
O próximo passo será levar o
programa aprovado pelo congresso da entidade para ser discutido nas universidades.
Sobre as críticas de que a
UNE teria se tornado neutra na
disputa eleitoral, Chagas afirmou que a entidade não tem
problemas em discutir propostas, e que já fez uma série de
protestos à política macroeconômica do governo.
O programa aprovado ontem
contém muitas críticas a políticas adotadas no governo do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso e ao neoliberalismo.
"O discurso neoliberal sobrevive no nosso país, seja nos editoriais da mídia elitista saudosa
dos anos FHC, seja nas propostas de políticos que defendem o
Estado mínimo disfarçadamente", afirma o programa.
Para Tasso Brito, terceiro vice-presidente da UNE e um dos
defensores de um apoio oficial
a Dilma, não houve derrota
porque as decisões da UNE são
feitas de acordo com a votação
e a vontade da maioria.
"Saímos com um programa
que está muito próximo ao programa da Dilma. (...) Saímos
com o sentimento de que é um
posicionamento", disse pouco
depois da votação.
O deputado federal Otávio
Leite, do PSDB, classificou a
decisão da UNE de se manter
independente como sensata.
Leite disse que fará hoje uma
proposta oficial para que a
UNE realize um debate entre o
pré-candidato tucano José Serra e Dilma e que ele seja transmitido em tempo real para todas as universidades.
O presidente do PT, José
Eduardo Dutra, que participou
do encontro da UNE no sábado,
também defendeu que a instituição se mantivesse independente na disputa eleitoral.
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