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ARCO DE ALIANÇAS
Semana deve selar adesão de PMDB e PP à base do governo
Lula atrai centro e direita para ter apoio às reformas
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva consolida nesta semana
duas articulações que atraem forças políticas tidas como de centro
e de direita para sua base de apoio
no Congresso. Objetivo: garantir
votos suficientes para aprovar as
reformas tributária e previdenciária, sua prioridade legislativa.
Amanhã, a Executiva do PMDB
deve oficializar, após idas e vindas, aliança com o governo. A assessoria de Lula também deverá
marcar para o mesmo dia um almoço do presidente com 35 dos
45 deputados federais do PP. Esses 35 pediram o encontro para
hipotecar apoio legislativo a Lula.
Na conta da Casa Civil, o êxito
dessas costuras dará a Lula algo
entre 350 e 360 votos na Câmara.
Para aprovar as reformas, são necessários 308 (60% dos 513 deputados federais), em dois turnos de
votação. Estão incluídas nesse cálculo defecções dos tradicionais
aliados de Lula e do próprio PT,
além de adesões pontuais dos
oposicionistas PSDB e PFL.
Historicamente, há alto valor
simbólico na adesão quase total
de PMDB e PP. Na prática, trata-se de aliança ao centro e à direita
com os herdeiros de forças políticas que foram adversárias no regime militar instaurado em 1964.
O PMDB vem do antigo MDB
(Movimento Democrático Brasileiro), agremiação que se opunha
aos militares. O PP (ex-PPB) é um
herdeiro da Arena (Aliança Renovadora Nacional), o braço legislativo do regime de exceção.
Segundo o presidente do
PMDB, Michel Temer (SP), a reunião da Executiva decidirá pelo
"apoio congressual definitivo ao
governo". Ele diz que é "um apoio
mais compromissado e que facilitará a aprovação das reformas".
Na eleição, 30% do PMDB ficou
com Lula. Os outros 70%, incluído o grupo de Temer, apoiaram o
tucano José Serra. Após a eleição,
Lula conquistou o partido aos
poucos, graças à decisiva e hábil
ação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e aos cargos oferecidos à legenda.
Sarney rachou aos poucos o
grupo que apoiava o governo
FHC. Primeiro, conquistou Renan Calheiros (AL), líder do
PMDB no Senado. Depois, Eunício Oliveira (CE), líder do PMDB
na Câmara. Por último, levou Temer a se render: os rebeldes hoje
não somam mais do que 10 dos 68
deputados do PMDB.
A reunião da Executiva também
servirá para o desencadeamento
prático das nomeações prometidas aos peemedebistas para postos de segundo e terceiro escalão.
Renan levará a Transpetro, subsidiária da Petrobras, que será entregue a um ex-senador a ele ligado. O governo também oferece
diretorias de bancos e estatais.
"Ministério não é algo para já,
mas para o futuro, segundo o ministro José Dirceu", diz Temer.
Provavelmente, o PMDB ganhará
uma ou duas pastas na reforma
que deve sair em dezembro.
O encontro de Lula com 35 deputados do PP servirá para atender a um pleito desses parlamentares. Segundo o presidente do
partido, Pedro Corrêa (PE), "esses
35 querem dizer ao presidente
que apoiarão o seu governo".
Corrêa quase conseguiu levar
todo o PP para o governo, mas enfrentou um pequena rebelião. "O
partido preferiu respeitar a posição de independência de uma
parcela minoritária", afirma o
presidente do PP.
CCJ e depois
Nesta semana, as reformas tributária e previdenciária entram
em fase final de tramitação na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. O relatório da
proposta tributária deverá começar a ser votado na quinta. O relatório da previdenciária deverá ser
apresentado, com votação prevista para a próxima semana.
Concluídos os trabalhos da CCJ,
as propostas vão para as comissões especiais, que deverão examiná-las no prazo de 60 dias. Só
então as reformas seguem para
votação em plenário.
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