São Paulo, quinta-feira, 26 de maio de 2005

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RUMO A 2006

Governador e prefeito tucanos divergem sobre espaço em programa na TV

Cresce tensão entre Serra e Alckmin

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As diferenças entre o governador Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, José Serra, começaram a transbordar ontem no dia das fortes chuvas que abalaram a cidade. Em entrevistas à margem do Tietê, Alckmin afirmou que, naquele ponto crítico, as bombas eram da prefeitura. Serra telefonou para questioná-lo.
Num dia tenso, acabaram emergindo diferenças que marcam um relacionamento que, na campanha, era desenhado como parceria. A maior causa de tensão entre Serra e Alckmin será expressa em cadeia nacional a partir de hoje, em rádio e TV. Cobrando apoio do partido para se lançar candidato à Presidência, Alckmin sugeriu que ele e o governador de Minas, Aécio Neves, concentrassem os 40 minutos de inserção. Os aliados de Serra insistiram em sua participação, alegando que ainda não há um escolhido para a disputa.
O tempo acabou dividido por quatro: além de Serra, Aécio e Alckmin, o senador Tasso Jereissati (CE) terá direito a dois dias de aparição (hoje e sábado). Alckmin só estará na TV nos dias 21 e 23 do mês que vem.
Em São Paulo, Serra e Alckmin ocuparão igualmente o tempo do programa que vai ao ar na região metropolitana na segunda-feira. Em outros 17 municípios do Estado, Serra terá uma participação de cerca de 20%. "São Paulo não é o problema de Alckmin. No plano nacional, ele precisa ser mais conhecido. Aí, sim, deveria haver um pouco mais de altruísmo dos demais", afirmou o presidente estadual do PSDB, Antonio Carlos Pannunzzio (PSDB-SP).
O relacionamento também está aquém da expectativa para Serra. Promessa de campanha, a criação de um bilhete único, integrando metrô ao sistema municipal de ônibus, só deverá ser concluído no fim do ano. Serra tem cobrado mais rapidez dos secretários.
Ainda assim, a direção da Companhia Metropolitana de São Paulo (Metrô) já avisou que não há condições de o Estado contribuir com recursos para compensar os descontos dados aos usuários na passagem de integração.
Diretor de Planejamento e Expansão do Metrô, Renato Veigas recorre a um argumento técnico. Segundo ele, o Metrô é uma empresa independente e não pode receber recursos do Estado. "O Estado não pode subsidiar. Para manter a qualidade, o Metrô precisa ser independente", alegou ele, afirmando que a companhia também administrará o sistema com a prefeitura.
Como o Estado é o que detém recursos, Serra solicitou ajuda do governador para a obra do Hospital da Cidade Tiradentes. Lembrando que já houve aporte de R$ 16 milhões no M'Boi Mirim. A Secretaria da Saúde informou que analisa o pedido. O prefeito também reivindica cota maior de remédios no programa Dose Certa.
Recentemente, governo e prefeitura divergiram publicamente sobre obras de recapeamento das marginais. E o prefeito também pediu que parte dos R$ 49,8 milhões previstos para o programa Fábricas de Cultura seja convertida em apoio aos CEUs. O governo não deu resposta.
Os pedidos, diz um interlocutor de Alckmin, incomodam o governador. O chefe da Casa Civil, Arnaldo Madeira, minimiza: "Nada além do natural na relação de prefeito com governador. A integração é perfeita".


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