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RUMO A 2006
Governador e prefeito tucanos divergem sobre espaço em programa na TV
Cresce tensão entre Serra e Alckmin
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As diferenças entre o governador Geraldo Alckmin e o prefeito
de São Paulo, José Serra, começaram a transbordar ontem no dia
das fortes chuvas que abalaram a
cidade. Em entrevistas à margem
do Tietê, Alckmin afirmou que,
naquele ponto crítico, as bombas
eram da prefeitura. Serra telefonou para questioná-lo.
Num dia tenso, acabaram emergindo diferenças que marcam um
relacionamento que, na campanha, era desenhado como parceria. A maior causa de tensão entre
Serra e Alckmin será expressa em
cadeia nacional a partir de hoje,
em rádio e TV. Cobrando apoio
do partido para se lançar candidato à Presidência, Alckmin sugeriu
que ele e o governador de Minas,
Aécio Neves, concentrassem os 40
minutos de inserção. Os aliados
de Serra insistiram em sua participação, alegando que ainda não há
um escolhido para a disputa.
O tempo acabou dividido por
quatro: além de Serra, Aécio e
Alckmin, o senador Tasso Jereissati (CE) terá direito a dois dias de
aparição (hoje e sábado). Alckmin só estará na TV nos dias 21 e
23 do mês que vem.
Em São Paulo, Serra e Alckmin
ocuparão igualmente o tempo do
programa que vai ao ar na região
metropolitana na segunda-feira.
Em outros 17 municípios do Estado, Serra terá uma participação de
cerca de 20%. "São Paulo não é o
problema de Alckmin. No plano
nacional, ele precisa ser mais conhecido. Aí, sim, deveria haver
um pouco mais de altruísmo dos
demais", afirmou o presidente estadual do PSDB, Antonio Carlos
Pannunzzio (PSDB-SP).
O relacionamento também está
aquém da expectativa para Serra.
Promessa de campanha, a criação
de um bilhete único, integrando
metrô ao sistema municipal de
ônibus, só deverá ser concluído
no fim do ano. Serra tem cobrado
mais rapidez dos secretários.
Ainda assim, a direção da Companhia Metropolitana de São
Paulo (Metrô) já avisou que não
há condições de o Estado contribuir com recursos para compensar os descontos dados aos usuários na passagem de integração.
Diretor de Planejamento e Expansão do Metrô, Renato Veigas
recorre a um argumento técnico.
Segundo ele, o Metrô é uma empresa independente e não pode
receber recursos do Estado. "O
Estado não pode subsidiar. Para
manter a qualidade, o Metrô precisa ser independente", alegou
ele, afirmando que a companhia
também administrará o sistema
com a prefeitura.
Como o Estado é o que detém
recursos, Serra solicitou ajuda do
governador para a obra do Hospital da Cidade Tiradentes. Lembrando que já houve aporte de
R$ 16 milhões no M'Boi Mirim. A
Secretaria da Saúde informou que
analisa o pedido. O prefeito também reivindica cota maior de remédios no programa Dose Certa.
Recentemente, governo e prefeitura divergiram publicamente
sobre obras de recapeamento das
marginais. E o prefeito também
pediu que parte dos R$ 49,8 milhões previstos para o programa
Fábricas de Cultura seja convertida em apoio aos CEUs. O governo
não deu resposta.
Os pedidos, diz um interlocutor
de Alckmin, incomodam o governador. O chefe da Casa Civil, Arnaldo Madeira, minimiza: "Nada
além do natural na relação de prefeito com governador. A integração é perfeita".
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