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Lula e Chirac evidenciam impasse em exportações
Brasileiro pede mais concessões, mas francês diz ter feito 'tudo o que podia'
Presidente da França espera
maior compromisso dos
Estados Unidos e abertura
brasileira para produtos
industrializados e serviços
Sérgio Lima/Folha Imagem
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O presidente francês, Jacques Chirac, assiste a apresentação da Esquadrilha da Fumaça com Lula e a primeira-dama, Marisa |
EDUARDO SCOLESE
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Lado a lado no Palácio da Alvorada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o colega francês, Jacques Chirac, demonstraram ontem a intensidade do
impasse nas negociações da
Rodada Doha de comércio internacional. Para Lula, chegou
a hora de líderes tomarem decisões políticas. Já Chirac assegurou que a União Européia e a
França já concederam "tudo o
que podiam" no setor agrícola.
O presidente francês, na verdade, espera hoje maior compromisso dos EUA e abertura
brasileira para produtos industrializados e serviços.
Em entrevista, os dois apresentaram versões conflitantes
para a situação. Chirac disse
que há a falsa impressão de que
a Europa é fechada para produtos agrícolas de países emergentes. Citou números para defender a França: vende aos latinos anualmente US$ 400 milhões, compra US$ 2,5 bilhões.
"Está errado falar que a Europa é um mercado fechado.
Não é possível falar em dificuldades de exportação da América Latina para a Europa. [...] A
Europa fez tudo o que podia fazer e, honestamente, não tem
mais condições de dar outros
passos, a não ser que outras
pessoas mudem", insistiu, em
referência direta aos EUA.
Concessões
Minutos depois, foi a vez de
Lula contra-atacar diplomaticamente. "Todo mundo acha
que fez o que podia fazer, que
deu o que podia conceder. [...] O
Brasil está disposto, junto com
o G20 [grupo de países em desenvolvimento que luta pela
abertura da agricultura mundial], a fazer as concessões possíveis para que haja um acordo.
Os americanos têm que fazer
suas concessões, porque o subsídio nos EUA é muito alto e
cria um desequilíbrio no comércio agrícola no mundo, e a
Europa pode fazer mais concessões de acesso a mercado."
Desde que percebeu que os
diálogos empacaram, Lula tenta obter compromissos de líderes dos países desenvolvidos,
em vez de pressionar negociadores na OMC (Organização
Mundial do Comércio). Disse já
ter abordado os líderes de Reino Unido, Alemanha, EUA e
Espanha e que pretende expor
a idéia ao G8 (os sete países
mais ricos e a Rússia) em julho.
Um acordo satisfatório, segundo Lula, seria os países mais
pobres ganharem "um pouquinho", os emergentes "empatarem" e os mais ricos fazerem
uma "pequena concessão".
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