São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

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Grampo revela lobby em que Renan seria acionado, afirma PF

Funcionário diz que precisa de senador para manter dirigente na Integração Nacional; Geddel promete demitir diretor citado

Presidente do Senado diz que não vai se pronunciar sobre gravações feitas pela Polícia Federal por não ter tido acesso aos diálogos


LEONARDO SOUZA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Presos na Operação Navalha, o então secretário e o subsecretário de Infra-estrutura de Alagoas foram flagrados numa gravação falando abertamente em recorrer ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e seu irmão, deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), para que conseguissem manter no Ministério da Integração Nacional o diretor de Recursos Hídricos da pasta, Rogério Menescal.
No diálogo, Adeilson Teixeira Bezerra e Denisson de Luna Tenório afirmam que Menescal é indicação do senador e do deputado e que seria importante mantê-lo na função por ser ele o responsável pela liberação de recursos para a obra do rio Pratagy, em Maceió, orçada inicialmente em R$ 77,8 milhões.
A construção da barragem é uma das licitações investigadas pela PF que teriam sido fraudadas pela empreiteira Gautama. A preocupação de Adeilson e Denisson era que o novo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), tirasse Menescal.
"Denisson pergunta se Adeilson está no fixo. Adeilson diz que não, que está indo para o gabinete de Olavo [Calheiros]. Denisson diz que dá para falar porque não é nada de mais e pergunta se Adeilson lembra quem é Rogério Menescal, diretor", informa o inquérito. A conversa foi no dia 14 de março.
"Denisson diz que Rogério ligou para ele dizendo que tem muito interesse em ficar mais um ou dois anos no ministério [...]. Denisson diz que vai precisar do apoio do senador (Renan Calheiros). Denisson diz que seria uma pessoa do próprio Renan ou do próprio Olavo dentro do ministério."

Outro lado
Por meio de sua assessoria, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) informou que não vai se pronunciar sobre declarações captadas pela Polícia Federal por não ter tido acesso ao conteúdo dos diálogos. A Folha não conseguiu localizar o deputado Olavo Calheiros.
Geddel disse que não foi procurado nem pelo senador nem pelo deputado, mas afirmou que vai demitir Menescal. Disse que já tinha tomado a decisão, mas que ainda não tinha tido tempo de executá-la por estar há pouco tempo na pasta.
Rogério Menescal disse que é um técnico, com mestrado e doutorado na área de recursos hídricos. Disse que manteve contato com Adeilson e Denisson porque eram as pessoas com que tinha de tratar no governo de Alagoas sobre a obra. Falou que não conhece nem o senador Renan nem o deputado Olavo e afirmou que não pediu ajuda a ninguém para permanecer no cago. "Mas talvez tenha insinuado que temia ser retirado da função com a mudança de ministro", admitiu.


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