São Paulo, sábado, 26 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Zuleido chorou ao ver ministro, diz preso

Companheiro de cela na Polícia Federal relata que dono da Gautama, ao assistir à TV, afirmou que Silas Rondeau é inocente

No único beliche de uma das celas, empresário dormia junto com o filho embaixo, enquanto João Alves Neto lia a Bíblia na cama de cima


DA AGÊNCIA FOLHA

Zuleido Veras, dono da Gautama, chorou no sábado passado ao ver pelo "Jornal Nacional", de sua cela na Polícia Federal em Brasília, que a Operação Navalha atingira o então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.
O relato foi obtido pela Folha de uma das seis pessoas que dividiram a cela da PF com Zuleido. O entrevistado pediu para não ter o nome publicado.
Na noite do dia 17, os presos viram dois homens dormindo abraçados na cama de baixo do único beliche da cela. Eram Zuleido e seu filho Rodolpho. Nas noites seguintes, os dois se abraçavam até o pai dormir.
Na cama de cima, estava João Alves Neto, filho do ex-governador de Sergipe João Alves Filho (DEM), que leu mais de 200 páginas da Bíblia.
A cela, com cerca de 2,5 m por 4 m, tem uma mesa e uma cadeira de concreto, um banheiro com sanitário sem assento que servia de pia para escovar os dentes e sobre o qual está o chuveiro com água fria.
No corredor, havia uma televisão de 16 polegadas. Na hora do "Jornal Hoje" e do "Jornal Nacional", da Globo, a PF ligava a TV durante as notícias sobre a Operação Navalha.
Foi nessa circunstância que Zuleido ouviu que o escândalo chegara ao então ministro. Segundo um companheiro da cela, o empresário disse em seguida que Rondeau é inocente.
Na prisão, a comida era sempre arroz, feijão e picadinho de carne. O banho de sol durava duas horas. Eram liberadas duas celas por vez. Mas, no sábado e domingo, o benefício ficou suspenso.
De passagem no corredor, quem saía para o banho de sol conversava com os outros nas celas vizinhas. Zuleido pedia desculpas, mas não admitia o esquema de fraudes.
O comentário entre os presos era que a Operação Navalha surgiu para abafar a CPI do Apagão no Congresso ou foi incentivada por empreiteiras concorrentes da Gautama.
Na sala de visita dos advogados, temendo grampo no telefone de comunicação, alguns presos escreviam no papel e mostravam a mensagem aos seus defensores do outro lado do vidro.


Texto Anterior: Deputados elaboram projeto que protegeria informações
Próximo Texto: Inquérito: Ministério público de são paulo investiga contrato em Avaré
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.