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Lula quer excluir oposição dos cargos da CPI
Presidente pede ao líder do PMDB, senador Renan Calheiros, que não entregue a presidência da comissão para o DEM
Peemedebista reclamou do petista Aloizio Mercadante, mas Lula pediu que essas divergências não impeçam uma atuação coordenada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem ao líder
do PMDB no Senado, Renan
Calheiros (AL), que não faça
nenhum acordo para ceder à
oposição a presidência da CPI
da Petrobras.
Segundo a Folha apurou, Lula solicitou que a presidência e
a relatoria, os dois cargos mais
importantes da Comissão Parlamentar de Inquérito, fiquem
com aliados do Planalto no Senado. Renan concordou.
Até as 19h30, ainda não havia
nomes fechados. Na semana
passada, Renan aventou, nos
bastidores, fazer um acordo para que o senador ACM Jr.
(DEM-BA) ficasse com a presidência e o líder do governo no
Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ficasse com a relatoria.
O presidente não quer deixar
o comando de uma CPI que
considera inconveniente e com
potencial explosivo nas mãos
de um oposicionista. Lula e Renan se reuniram ontem na sede
provisória da Presidência, no
CCBB (Centro Cultural Banco
do Brasil). Os dois conversaram por meia hora.
"O modelo que vi no Senado
nesses anos todos, principalmente no governo passado, é
que a maioria sempre escolhia
a presidência e a relatoria [das
CPIs]", declarou o ministro José Múcio Monteiro (Relações
Institucionais).
Renan se queixou do líder do
PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), atribuindo ao petista a origem de informações que
davam conta de que o PMDB
exigia cargos na Petrobras para
controlar a CPI a serviço do governo federal.
Lula prometeu que falaria
com Mercadante, mas pediu a
Renan que não deixasse que
uma divergência pessoal dinamitar a relação entre PT e
PMDB no Senado.
O líder do PMDB não escondeu sua insatisfação com movimentos do petista. Mercadante
promoveu, sem consultá-lo,
reunião entre senadores tucanos e o presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli. A ideia
era indicar apenas líderes para
compor a comissão. Mercadante deseja ser presidente da CPI
e indicar Jucá para relator.
O nome de Jucá é cotado para relator, mas surgiram resistências dentro do próprio
PMDB. Para a presidência da
CPI as alternativas eram: Francisco Dornelles (PP-RJ) e Valdir Raupp (PMDB-RO). Contudo, ambos resistem.
Raupp acredita que isso dificultaria sua campanha à reeleição em 2010. Lula tem simpatia pelo petista João Pedro
(AM) para presidir a CPI.
"Vou cumprir o regimento.
Se não indicarem, indico eu",
afirmou o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Como não foi marcada hora para encaminhar os nomes a Sarney, o PMDB não descarta ganhar mais um dia de negociação e entregar os nomes somente amanhã de manhã.
Oposição
Ontem a oposição reagiu à
possibilidade de se formar uma
CPI chapa-branca dizendo que
Lula mudou os rumos do acordo costurado no Senado.
"A posição deles era dividir
os postos de comando. O governo deve ter muita coisa para esconder, deve estar preocupado
com a investigação", afirmou o
senador Agripino Maia (DEM-RN), que se reuniu com Renan
Calheiros na quinta-feira.
O PSDB anunciou que vai
concorrer à presidência mesmo sabendo ser difícil vencer.
Antes da reunião com Renan,
também sob o tema da CPI, Lula se encontrou com o presidente da Petrobras, José Sergio
Gabrielli, o ministro Jorge Hage (CGU), a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) e o ex-presidente da estatal, José
Eduardo Dutra.
Hage, por meio da assessoria
da Controladoria Geral da
União, disse que se tratou de
uma "conversa geral" com o
presidente sobre a CPI.
"Todos esses pontos [que
motivaram a criação da CPI],
aliás, já eram de conhecimento
público. Já haviam sido divulgados pela imprensa e já vinham sendo acompanhados
pelo sistema de controle [auditorias de Petrobras, CGU e Tribunal de Contas da União]",
disse Hage, que completou: "As
providências que tinham de ser
tomadas já estão sendo".
(KENNEDY ALENCAR, FERNANDA ODILLA, ADRIANO CEOLIN E EDUARDO SCOLESE)
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