São Paulo, Quarta-feira, 26 de Maio de 1999
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PAINEL

Montou toda a operação...

Apesar de Mendonção se queimar de novo ao tentar reocupar a cena política, seu grupo vê um lado positivo na divulgação pela Folha de 46 fitas sobre o grampo do BNDES. Crê que fica claro que ele não agiu sozinho, mas executou política de governo na qual estavam todos, do ""babaca" Malan à ""bomba atômica" FHC.

...mas teve aval poderoso

Na avaliação do grupo de Mendonção, está evidente que os trechos de fitas do grampo do BNDES divulgados no ano passado fizeram parte de um plano para preservar FHC do desgaste com a manipulação do leilão das teles. Acha-se que Eduardo Jorge, ex-secretário-geral do Planalto, operou um ""vazamento controlado". Jorge sempre negou.

Só para relembrar

Quando foram divulgados, no ano passado, os primeiros trechos do grampo no BNDES, FHC dizia a interlocutores que Mendonção e Lara Resende haviam exagerado e confundido público e privado no leilão das teles. Sempre deu a entender que não tomou partido da manobra.

Aposta errada

Tucanos paulistas estão de crista baixa. Julgam que Covas e o PSDB estão com um mico na mão: Mendonção, recém-eleito vice-presidente do partido. A pretensão dele de voltar ao governo foi sepultada com a divulgação pela Folha de 46 fitas de grampos no BNDES.

Tamboretes alavancados

Relatório do BC mostra que o Marka e o FonteCindam enviaram ao exterior US$ 600 milhões desde maio de 96, por meio das CC5 (contas de não-residentes no país que escapam do fisco). Comparado ao patrimônio dos bancos, o valor é bem alto.

Boa notícia

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara ganhou o dia, ontem. Em visita a Francisco Dornelles (Trabalho), o ministro prometeu que o Brasil votará a favor da convenção que proíbe o trabalho de menores de 15 anos, em conferência a ser realizada em Genebra, no próximo mês.


Aliados comemoram

PFL e PMDB encararam como ossos do ofício defender FHC da acusação de que o presidente tomou partido no leilão das teles. Ou "ossos do benefício", na expressão cínica mas precisa de um cacique. A conta vem adiante. Quando entrar o 2º semestre, deverá haver reforma ministerial.

Os tucanos que se virem

O esforço de pefelistas e peemedebistas é para tirar FHC da linha de fogo. Interessa aos dois maiores partidos aliados um presidente fraco, mas não mortalmente ferido. Detalhe: não haverá nenhuma ação a favor de Mendonção ou de Lara Resende.

Por baixo

A CNI acabou de receber uma pesquisa que encomendou sobre a popularidade de FHC. Os números são tão ruins que não devem ser divulgados. O presidente esteve na Confederação Nacional da Indústria ontem.

Curiosidade brasiliense

No Congresso, a pergunta que não quer calar é a seguinte: o que será que há numa terceira conversa grampeada de FHC que ainda não veio a público?

Vai ser promovido

Os amigos de Malan roem as unhas. Quando se especulou sobre as fitas do BNDES, dizia-se que Mendonção chamara o ministro de "babaquinha". Nas fitas divulgadas pela Folha, ele é "babaca". Teme-se que, se surgirem mais fitas, vire "babacão".

Na canoa

O deputado federal Celso Russomano (SP) diz não pretender sair do PPB. Afirma ter tido convite de outros partidos, como PL, PTB e PMDB, mas não aceitou.

Visita à Folha

Paulo Antonio Skaf, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil) e do Sinditêxtil (Sindicato da Indústria Têxtil do Estado de São Paulo), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado do assessor de imprensa, Hélio Perazzolo.

TIROTEIO

Do líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), sobre o diálogo entre FHC e André Lara Resende (ex-BNDES), no qual o presidente toma partido do consórcio Opportunity-Stet, que disputou a privatização das teles:
- Sinto-me confortável para defender o presidente, sua honra e seu governo, mas o jeito etéreo de governar dos tucanos dá margem a episódios desagradáveis. Nunca as ordens são dadas de forma direta, como ""faça" ou ""não faça".

CONTRAPONTO

Pediu para apanhar
Ao contrário do sisudo Michel Temer (PMDB-SP), sempre que assume a presidência da Câmara o 1º vice-presidente, Heráclito Fortes (PFL-PI), costuma permear suas intervenções com pitadas de humor e maldade.
Exemplo disso ocorreu semana passada durante sessão em homenagem ao 25º aniversário da emenda das Diretas-Já. Discursava Alceu Collares, que é do PDT gaúcho, partido que prega a saída de FHC da Presidência.
Dias antes, Collares havia dito que Heráclito era da Arena à época das Diretas-Já. Errou: o hoje pefelista estava no MDB.
Heráclito esperou Collares acabar, após declamar uma poesia de Che Guevara, e atacou:
- Quero dizer ao deputado que continuo no mesmo lugar em que estava à época das Diretas-Já.
E disse, emudecendo Collares:
- Se alguém mudou foi vossa excelência, que hoje tenta e prega a derrubada de um presidente eleito pelo povo!


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