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Oposição quer impeachment de FHC
LUCAS FIGUEIREDO
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Os partidos de oposição vão pedir o impeachment do presidente
Fernando Henrique Cardoso pelo
seu envolvimento no leilão de privatização da Telebrás.
Também vão colher assinaturas
para instalar uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) mista
para investigar o leilão.
O primeiro passo para o processo de impeachment foi dado ontem, quando PT, PC do B, PSB e
PDT anunciaram que vão entrar,
coletivamente, com uma representação na Câmara acusando FHC de
crime de responsabilidade.
A base governista passou o dia
tentando barrar as iniciativas.
O presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), a quem cabe
acatar ou não o requerimento da
oposição, disse considerar "exagerado" o pedido de impeachment.
A Folha publicou ontem transcrição de conversa telefônica gravada
entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e o então presidente
do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), André Lara Resende.
No telefonema, FHC autoriza Lara Resende a usar seu nome para
pressionar um fundo de pensão estatal a entrar em um dos consórcios participantes do leilão.
Após ter falado por telefone com
FHC, Temer afirmou não ter visto
nas reportagens publicadas ontem
pela Folha "o comprometimento
pessoal" do presidente, discurso
repetido pelos líderes dos partidos
que apóiam o governo.
A oposição divulgou que, se Temer recusar a representação contra FHC, irá recorrer ao plenário.
Se a oposição conseguir aprovar
a representação contra FHC, será
instalada uma comissão especial
para analisar a postura dele.
Caso a comissão conclua que
FHC cometeu crime de responsabilidade, e essa decisão seja ratificada pelo plenário da Câmara, será
aberto processo de impeachment
no Senado.
A oposição divulgou que entrará
hoje com a representação.
"O Congresso não pode se omitir
com o nível de detalhes da reportagem da Folha. As fitas falam por
si", disse o líder do PT na Câmara,
José Genoino (SP).
O líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio (PSDB-AM),
ironizou a tentativa de impeachment e duvidou que a oposição
consiga aprovar a CPI.
"Eles (os partidos de oposição)
não vão levar adiante essa idéia ridícula. Seria desmoralizante para
eles. E também duvido que consigam as assinaturas necessárias",
disse o tucano. Para Virgílio, "o PT
é viciado em CPI, como há gente
viciada em outras drogas".
Já o líder do PSDB na Câmara,
Aécio Neves (MG), disse que não
há necessidade de CPI porque, embora as gravações tenham mostrado "exagero e destempero verbal,
não houve dolo."
A oposição também anunciou
que fará duas representações no
Ministério Público: uma pedindo a
anulação do leilão do Sistema Telebrás e outra contra o presidente do
BNDES, José Pio Borges, com a Lei
de Improbidade Administrativa.
Vai pedir ainda que o TCU (Tribunal de Contas da União) faça auditoria no processo de venda das
empresas do Sistema Telebrás e,
principalmente, na ação do governo para favorecer um dos concorrentes com o apoio do fundo de
pensão do Banco do Brasil.
Os partidos de oposição também
vão pedir a convocação do ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) e de Pio Borges às comissões
de Fiscalização e Controle e de
Ciência e Tecnologia.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez
ontem talvez seu mais duro ataque
ao governo de Fernando Henrique
Cardoso. "O governo parece até
uma quadrilha. Todo dia tem uma
pessoa ligada ao presidente envolvida em alguma falcatrua", disse.
Lula avaliou como insustentável
a situação de FHC e considerou
inadmissível o comportamento revelado pelo grampo.
"Ele perdeu o senso de responsabilidade e não poderia participar
de uma conversa tentando criar
condições para favorecer uma empresa", disse.
Colaborou
Carlos Eduardo Alves, da Reportagem Local
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