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Lula sabe de tudo, afirma ex-militante
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista Paulo de Tarso
Venceslau ajudou a seqüestrar o
embaixador americano Charles
Elbrick, nos anos de chumbo da
ditadura militar. Fundador do PT,
partido em que militou até 1997,
foi expulso, acusado de "traição",
por ter denunciado um esquema
de corrupção operado por um
compadre e benfeitor de Lula, Roberto Teixeira, na Prefeitura de
São José dos Campos.
PT, como era chamado o economista, por causa das iniciais de
seu nome, avisou pessoalmente
Lula do esquema na prefeitura.
Mas foi o mesmo Lula que pediu a
cabeça do denunciante. Na época,
o ex-metalúrgico morava em uma
casa emprestada por Teixeira. Sobre as denúncias que pesam agora
sobre o governo Lula, PT diz:
"Não adianta negar: o Lula sabe
de tudo. Ele sempre manteve um
controle rigoroso do partido."
Segundo Venceslau, a tentativa
feita por entidades como MST,
CUT e UNE de "empurrar" o governo para a esquerda não funcionou porque Lula sabe que o movimento social está sucateado. "A
direção do PT destruiu a militância que até pagava para defender
as bandeiras do partido e substituiu-a por submissos empregados
remunerados da máquina partidária e sindical. Com isso, a utopia foi descartada, e o partido virou gestor do capital."
O ex-petista distribui críticas
também às entidades que estariam "reinventando" José Dirceu
como representante dos movimentos sociais. "José Dirceu, descontada a militância estudantil
dos anos 60, nunca foi expressão
dos movimentos sociais. Foi expressão da máquina partidária e
artífice do discurso de alianças
amplas e irrestritas com setores
da direita."
Segundo Venceslau, é um factóide a tentativa de Dirceu de passar por "ala progressista do PT".
"Foram ridículos a cena do punho
erguido no meio da claque petista
e o discurso na posse de Dilma
Rousseff, quando ele a chamou de
"camarada de armas", como se
ainda acreditasse na revolução",
disse o ex-militante do PT. "José
Dirceu está fazendo discurso para
o partido. O tamanho das denúncias bagunçou demais a casa."
Para o expulso do PT, entidades
como a UNE, MST e CUT agem
movidas por "oportunismo puro": "Esses movimentos todos dependem de favores do governo federal. Já não representam nada. O
MST vive hoje graças ao apoio do
governo federal. É oposição chapa
branca".
(LC)
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