São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

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BC SOB PRESSÃO

Fonteles pede quebra de sigilo de Meirelles

ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL A BASILÉIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, pediu a quebra do sigilo bancário do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e de empresas das quais foi sócio, no processo que investiga suposta remessa ilegal de dinheiro para o exterior.
O requerimento foi encaminhado ao ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal, que decidirá nesta semana se o autoriza.
O pedido foi feito na quinta e refere-se a seis contas bancárias -ao menos uma delas do tipo CC5, que autoriza a remessa de dinheiro para fora do país. Como o processo corre em segredo de Justiça, não foi divulgada a quantidade exata de contas, nem de que bancos elas são.
Meirelles é investigado pela Procuradoria Geral da República a partir de autorização do STF, uma vez que ele tem status de ministro. Caso Meirelles perca o cargo nos próximos meses -há rumores sobre sua saída na reforma ministerial em preparação-, o processo continuará seguindo normalmente, mas comandado por um juiz de primeira instância.
As suspeitas que pesam sobre o presidente do BC referem-se à transferência de dinheiro de empresas suas para o BankBoston em 1999, sem que tivesse sido feito registro na Receita.
Além da conta pessoal de Meirelles, também foi pedida quebra do sigilo bancário de contas das empresas Boston Comercial Participações e Silvânia Empreendimentos e Participações, a última de propriedade dele.
Mello (STF) já havia concedido, há um mês, a quebra de sigilo fiscal de Meirelles, também a partir de pedido feito por Fonteles.

Naturalidade
Meirelles, que participa da reunião do BIS (sigla em inglês para Bank for International Settlements), em Basiléia (Suíça), afirmou ontem que encara a quebra de seu sigilo bancário com "absoluta tranqüilidade". "Minha vida sempre foi pautada pelo absoluto respeito à lei, à ética e à transparência. Portanto as informações da minha vida sempre foram e continuarão públicas", disse.
Embora tenha evitado fazer comentários específicos sobre a reforma ministerial e os rumores de sua possível saída, Meirelles defendeu como essencial a manutenção da linha das políticas fiscal, monetária e cambial para que a economia não seja afetada pela crise política: "Nenhum país resistiria, evidentemente, a erros de política econômica. A economia sofreria em algum momento (...) Enquanto a política econômica continuar consistentemente aplicada, não há razão para que isso [crise política] possa afetar a economia".
Ressaltou que tanto a reforma ministerial como decisões sobre o rumo da política macroeconômica são do presidente da República. Mas disse que "espera-se que a reforma seja algo positivo". Questionado sobre boatos de que poderia deixar o BC para concorrer ao governo de Goiás, respondeu: "Não tenho planos de candidatura no momento".


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