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BC SOB PRESSÃO
Fonteles pede quebra de sigilo de Meirelles
ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL A BASILÉIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, pediu a quebra do sigilo bancário do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e de empresas das
quais foi sócio, no processo que
investiga suposta remessa ilegal
de dinheiro para o exterior.
O requerimento foi encaminhado ao ministro Marco Aurélio de
Mello, do Supremo Tribunal Federal, que decidirá nesta semana
se o autoriza.
O pedido foi feito na quinta e refere-se a seis contas bancárias
-ao menos uma delas do tipo
CC5, que autoriza a remessa de
dinheiro para fora do país. Como
o processo corre em segredo de
Justiça, não foi divulgada a quantidade exata de contas, nem de
que bancos elas são.
Meirelles é investigado pela
Procuradoria Geral da República
a partir de autorização do STF,
uma vez que ele tem status de ministro. Caso Meirelles perca o cargo nos próximos meses -há rumores sobre sua saída na reforma
ministerial em preparação-, o
processo continuará seguindo
normalmente, mas comandado
por um juiz de primeira instância.
As suspeitas que pesam sobre o
presidente do BC referem-se à
transferência de dinheiro de empresas suas para o BankBoston
em 1999, sem que tivesse sido feito registro na Receita.
Além da conta pessoal de Meirelles, também foi pedida quebra
do sigilo bancário de contas das
empresas Boston Comercial Participações e Silvânia Empreendimentos e Participações, a última
de propriedade dele.
Mello (STF) já havia concedido,
há um mês, a quebra de sigilo fiscal de Meirelles, também a partir
de pedido feito por Fonteles.
Naturalidade
Meirelles, que participa da reunião do BIS (sigla em inglês para
Bank for International Settlements), em Basiléia (Suíça), afirmou ontem que encara a quebra
de seu sigilo bancário com "absoluta tranqüilidade". "Minha vida
sempre foi pautada pelo absoluto
respeito à lei, à ética e à transparência. Portanto as informações
da minha vida sempre foram e
continuarão públicas", disse.
Embora tenha evitado fazer comentários específicos sobre a reforma ministerial e os rumores de
sua possível saída, Meirelles defendeu como essencial a manutenção da linha das políticas fiscal,
monetária e cambial para que a
economia não seja afetada pela
crise política: "Nenhum país resistiria, evidentemente, a erros de
política econômica. A economia
sofreria em algum momento (...)
Enquanto a política econômica
continuar consistentemente aplicada, não há razão para que isso
[crise política] possa afetar a economia".
Ressaltou que tanto a reforma
ministerial como decisões sobre o
rumo da política macroeconômica são do presidente da República. Mas disse que "espera-se que a
reforma seja algo positivo". Questionado sobre boatos de que poderia deixar o BC para concorrer
ao governo de Goiás, respondeu:
"Não tenho planos de candidatura no momento".
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