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Acuado, Roriz resiste às pressões do partido para se explicar
Em escutas, senador aparece supostamente combinando partilha de dinheiro; peemedebista afirma que se trata de negociação normal sem dinheiro público
SILVIO NAVARRO
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto se empenha em
buscar uma saída para o caso do
presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), a cúpula do PMDB cobrou explicações
ontem do senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) sobre as gravações em que aparece supostamente combinando partilha de
dinheiro de origem ignorada.
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, está analisando o caso
para decidir se requisita ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito contra Roriz.
Captadas com autorização
judicial, as conversas mostram
Roriz acertando a divisão de dinheiro com o ex-presidente do
BRB (Banco de Brasília) Tarcísio Franklin de Moura. Os diálogos foram gravados pela Polícia Civil do Distrito Federal na
Operação Aquarela, que resultou na prisão de 19 pessoas.
Moura é suspeito de ter desviado R$ 50 milhões do BRB.
A resistência de Roriz para ir
à tribuna do Senado para dar
explicações irritou integrantes
do partido. Segundo a Folha
apurou, a orientação da cúpula
do PMDB era para que ninguém saísse em defesa do senador antes que ele apresentasse
uma justificativa convincente.
Com apenas quatro meses na
Casa, a avaliação é que o ex-governador do Distrito Federal
tem pouco respaldo político no
Legislativo. Nos bastidores,
uma ala do partido chegou a cogitar rifar Roriz se isso ajudasse a abafar o processo contra
Renan. A ordem era para que
ele se defendesse em 24 horas.
"Voltei de viagem e pedi que
ele se pronunciasse [...]. Toda
denúncia é considerada grave
até que se dê explicação", disse
o líder da bancada no Senado,
Valdir Raupp (RO). Romero
Jucá (PMDB-RR), líder do governo, também cobrou respostas: "Ele tem que prestar os esclarecimentos necessários".
O PSOL anunciou que entrará até amanhã com uma representação contra Roriz no Conselho de Ética do Senado. O
partido teme porém que o caso
sirva para abafar o de Renan:
"Não queremos que o foco se
desvirtue porque agora se iniciou a operação "banho-maria'", disse o líder do PSOL na
Câmara, Chico Alencar (RJ).
A resposta de Roriz só saiu
no final da tarde. Ele passou o
dia recluso em sua casa, com
advogados e assessores. Em
nota, classificou a divulgação
dos diálogos com o ex-presidente do BRB como "tentativas
criminosas de confundir uma
negociação normal, sem recursos públicos, entre pessoas físicas e jurídicas privadas".
Nos diálogos, Roriz e Moura
combinam levar um montante
de dinheiro ao escritório do
empresário Constantino de
Oliveira, conhecido como Nenê, presidente do conselho de
administração da Gol. Nesse
mesmo dia, houve um saque de
R$ 2,231 milhões numa agência
do BRB em nome de Constantino. Ele nega possuir conta no
BRB. O cheque foi emitido pela
Agrícola Xingu. Moura teria
autorizado sua compensação
em agência do Banco do Brasil
em Taguatinga (DF).
Roriz afirmou que, dos R$
2,2 milhões, só usou R$ 300
mil a título de empréstimo. A
diferença, alegou ter devolvido
a Constantino. Ele apresentou
documentos da compra de um
bezerro, procedente da Universidade de Marília, no valor de
R$ 271 mil. O resíduo, de R$
28,6 mil, disse que usou para
socorrer o primo Benjamim
Roriz, com problema de saúde.
A Universidade de Marília
confirmou que a Agropecuária
Palma, controlada pela família
Roriz, adquiriu uma "prenhez"
da raça nelore em leilão realizado em novembro, no valor de
R$ 532 mil. A "prenhez" significaria futura inseminação artificial entre o esperma do touro
"Heliáco" com o óvulo da vaca
"Essência". Os dois animais seriam premiados.
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