São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Exame não causou morte, dizem médicos

Segundo cardiologistas, o cateterismo a que Ruth Cardoso foi submetida não apresenta grandes riscos

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Não há relação entre o cateterismo feito pela ex-primeira-dama Ruth Cardoso na última segunda-feira e a arritmia grave que a matou na noite de anteontem, avaliam cardiologistas ouvidos pela Folha. Estima-se que 160 mil pessoas morram por ano no país vítimas de morte súbita, causada na maioria das vezes por arritmias graves -95% antes de serem hospitalizadas.
Considerado o exame mais completo para detectar se existe obstrução nas coronárias, o cateterismo é invasivo, mas não apresenta grandes riscos. As chances de uma arritmia causada pelo procedimento não chegam a 1%.
"Quando o cateterismo é normal ou apresenta alterações que não são passíveis de tratamento imediato, a pessoa fica algumas horas em observação e vai para casa no mesmo dia", afirmou o cardiologista Sergio Timerman, da Comissão de Ressuscitação do InCor (Instituto do Coração).
Ele está convencido de que não houve relação entre o cateterismo e a arritmia sofrida por Ruth. "Definitivamente, não."
Na avaliação do cardiologista Eduardo Saad, médico do setor de arritmia do Instituto Nacional de Cardiologia, a maioria das arritmias são reversíveis se a pessoa tomar um choque elétrico no peito em, no máximo três minutos. "Se ela [Ruth] estivesse dentro de um hospital, as chances de sobreviver poderiam ter sido maiores."
Saad diz que quando há um risco previamente estabelecido de arritmia cardíaca, pode-se indicar a colocação de desfibrilador (implantável) no coração.
Para o nefrologista Artur Beltrame Ribeiro, médico de Ruth, não havia possibilidade de reverter a arritmia, mesmo dentro de um hospital. "Da intensidade que foi, nem dentro de um hospital", afirmou .
Segundo ele, a ex-primeira-dama tinha problemas cardíacos sob controle e já havia colocado um stent (pequena "rede" que serve para filtrar placas de gordura e desbloquear artérias) anteriormente. No último cateterismo, feito no Hospital do Rim, da Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo), não foi constatado problemas, segundo ele.
"Só reavaliamos e achamos que foi uma coisa [a dor no peito que Ruth sentiu na sexta] circunstancial e ela teve alta. Ela não teve infarto. Teve uma alteração elétrica do coração."
A Folha apurou que o último cateterismo feito por Ruth, na segunda-feira, apontou a existência de um aneurisma da artéria aorta. Ribeiro nega a informação. "Não é verdade. Ela não tinha aneurisma da aorta", disse ele, encerrando abruptamente a entrevista.


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