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Pelo menos 800 manifestantes demitidos da Fundação Nacional de
Saúde chegaram ao prédio do MAM sem dificuldade e sem incidentes;
comando da PM interveio e nega fracasso, e os protestos devem seguir
Segurança falha em primeiro teste
CRISTINA GRILLO
FERNANDA DA ESCÓSSIA
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
O megaesquema de vigilância
montado pelo Exército para a área
onde está sendo realizada a Cimeira fracassou logo no primeiro teste
prático.
Ontem à tarde, pelo menos 800
manifestantes chegaram a cerca de
100 m da entrada principal do
MAM (Museu de Arte Moderna)
sem que a segurança conseguisse
detê-los. Não houve feridos.
Participaram do protesto funcionários recém-demitidos da FNS
(Fundação Nacional de Saúde). Segundo eles, neste mês já ocorreram
6.000 demissões.
Havia mil manifestantes, segundo o Sindicato dos Trabalhadores
Contratados da FNS, filiado à CUT
(Central Única dos Trabalhadores). A Polícia Militar estimou em
800 o número de pessoas no ato.
Participaram também algumas
pessoas que estavam no local, como um mendigo que furou o cordão policial e posou para fotografias.
Os manifestantes chegaram quase à entrada do MAM às 15h30.
Não houve dificuldades para a coluna de manifestantes entrar na
área da reunião.
Eles nem sequer precisaram adotar estratégias para disfarçar a intenção de protestar em frente à sede da Cimeira.
Trajeto típico
O trajeto dos manifestantes foi o
tradicional em passeatas no Rio.
Saíram da Assembléia Legislativa,
passaram por áreas movimentadas
do centro, como a avenida Rio
Branco e a Cinelândia, e atravessaram a pista do aterro do Flamengo,
interrompendo o trânsito.
Apesar do percurso de cerca de
1,5 km, a segurança da Cimeira só
notou os manifestantes quando
eles já estavam quase no museu
que serve de sede para o encontro
dos chefes de Estado e governo.
Houve correria. Policiais militares, militares do Exército, policiais
federais e guardas municipais tentaram afastar os manifestantes,
mas, desordenados, nada conseguiram.
Surpresos com o sucesso da empreitada, os manifestantes, em coro, gritavam: "Eira, eira, eira, abrimos a Cimeira".
As negociações entre os comandos da PM e da manifestação fracassaram, mas os ex-funcionários
da Fundação Nacional de Saúde)
não fizeram menção de querer invadir o MAM durante seu ato.
O protesto só terminou 40 minutos após a chegada, quando as lideranças decidiram deixar o local.
Àquela altura, a situação já era
bastante tensa. Um helicóptero
com atiradores sobrevoava a manifestação a cerca de 50 m de altura. Também chegaram ao local onde ocorria a manifestação reforços
da tropa de choque da PM e do
Exército, mas não houve violência
entre nenhuma das partes.
Novos protestos
Antes de partir, a liderança da
manifestação anunciou a intenção
de realizar novos protestos durante a cúpula dos chefes de Estado e
de governo da América Latina, Caribe e União Européia.
"Faremos manifestações radicais
todos os dias, só que não vamos divulgar o calendário. Serão manifestações de surpresa. O protesto
de hoje foi um sucesso. Quebramos a segurança da Cimeira", disse Uélinton de Farias, assessor do
sindicato.
Segundo um diplomata envolvido na organização da Cimeira, que
pediu para não ser identificado,
manifestação de ontem "gerou
uma certa preocupação".
Ele disse esperar que a segurança
em torno do MAM seja reforçada
nos dias em que lá estiverem os
chefes de Estado e governo.
O tenente-coronel Sérgio Martins, da Polícia Militar do Estado
do Rio, responsável pelo policiamento na área da Cimeira, negou
que o esquema de segurança tenha
falhado.
"A PM vinha acompanhando a
passeata, mas na Cinelândia eles
nos surpreenderam. Não houve falhas", disse Martins
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