São Paulo, Sábado, 26 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pelo menos 800 manifestantes demitidos da Fundação Nacional de Saúde chegaram ao prédio do MAM sem dificuldade e sem incidentes; comando da PM interveio e nega fracasso, e os protestos devem seguir
Segurança falha em primeiro teste

CRISTINA GRILLO
FERNANDA DA ESCÓSSIA
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

O megaesquema de vigilância montado pelo Exército para a área onde está sendo realizada a Cimeira fracassou logo no primeiro teste prático.
Ontem à tarde, pelo menos 800 manifestantes chegaram a cerca de 100 m da entrada principal do MAM (Museu de Arte Moderna) sem que a segurança conseguisse detê-los. Não houve feridos.
Participaram do protesto funcionários recém-demitidos da FNS (Fundação Nacional de Saúde). Segundo eles, neste mês já ocorreram 6.000 demissões.
Havia mil manifestantes, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Contratados da FNS, filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores). A Polícia Militar estimou em 800 o número de pessoas no ato.
Participaram também algumas pessoas que estavam no local, como um mendigo que furou o cordão policial e posou para fotografias.
Os manifestantes chegaram quase à entrada do MAM às 15h30. Não houve dificuldades para a coluna de manifestantes entrar na área da reunião.
Eles nem sequer precisaram adotar estratégias para disfarçar a intenção de protestar em frente à sede da Cimeira.

Trajeto típico
O trajeto dos manifestantes foi o tradicional em passeatas no Rio. Saíram da Assembléia Legislativa, passaram por áreas movimentadas do centro, como a avenida Rio Branco e a Cinelândia, e atravessaram a pista do aterro do Flamengo, interrompendo o trânsito.
Apesar do percurso de cerca de 1,5 km, a segurança da Cimeira só notou os manifestantes quando eles já estavam quase no museu que serve de sede para o encontro dos chefes de Estado e governo.
Houve correria. Policiais militares, militares do Exército, policiais federais e guardas municipais tentaram afastar os manifestantes, mas, desordenados, nada conseguiram.
Surpresos com o sucesso da empreitada, os manifestantes, em coro, gritavam: "Eira, eira, eira, abrimos a Cimeira".
As negociações entre os comandos da PM e da manifestação fracassaram, mas os ex-funcionários da Fundação Nacional de Saúde) não fizeram menção de querer invadir o MAM durante seu ato.
O protesto só terminou 40 minutos após a chegada, quando as lideranças decidiram deixar o local.
Àquela altura, a situação já era bastante tensa. Um helicóptero com atiradores sobrevoava a manifestação a cerca de 50 m de altura. Também chegaram ao local onde ocorria a manifestação reforços da tropa de choque da PM e do Exército, mas não houve violência entre nenhuma das partes.

Novos protestos
Antes de partir, a liderança da manifestação anunciou a intenção de realizar novos protestos durante a cúpula dos chefes de Estado e de governo da América Latina, Caribe e União Européia.
"Faremos manifestações radicais todos os dias, só que não vamos divulgar o calendário. Serão manifestações de surpresa. O protesto de hoje foi um sucesso. Quebramos a segurança da Cimeira", disse Uélinton de Farias, assessor do sindicato.
Segundo um diplomata envolvido na organização da Cimeira, que pediu para não ser identificado, manifestação de ontem "gerou uma certa preocupação".
Ele disse esperar que a segurança em torno do MAM seja reforçada nos dias em que lá estiverem os chefes de Estado e governo.
O tenente-coronel Sérgio Martins, da Polícia Militar do Estado do Rio, responsável pelo policiamento na área da Cimeira, negou que o esquema de segurança tenha falhado.
"A PM vinha acompanhando a passeata, mas na Cinelândia eles nos surpreenderam. Não houve falhas", disse Martins


Texto Anterior: Chirac debate fluxo de capitais
Próximo Texto: Diplomatas alemães são assaltados na praia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.