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JANIO DE FREITAS
A defesa desaba
O próprio Marcos Valério abriu a primeira fenda, que está passando despercebida, na estratégia adotada
para a sua e a defesa de Delúbio Soares, baseada em pretensos empréstimos repartidos segundo indicações do então tesoureiro petista, para quitação
de dívidas de campanha do PT
e aliados.
No penúltimo parágrafo de
uma nota distribuída no domingo, para negar a chantagem que "Veja" lhe atribuiu,
Marcos Valério tratou de um
assunto que não estava em
questão, mas resultou no ponto mais valioso do texto. Item
sete: [Marcos Valério] "não
entende por que alguns políticos afirmam que receberam
doações da Usiminas, uma vez
que, na verdade, as doações foram da SMPB". Ou seja, foram
da sua empresa.
Os políticos, no caso, são o
deputado Roberto Brant, do
PFL mineiro e ministro da Previdência no governo Fernando
Henrique, e Paulo Manicucci,
do PSDB de Minas. Recebedores, respectivamente, de R$ 105
mil e R$ 205 mil liberados por
Marcos Valério, ambos alegaram tratar-se de doação da
Usiminas, que a teria passado
primeiro à SMPB para, com a
intermediação, contabilizá-la
como pagamento de publicidade.
Ao negar o subterfúgio contábil, Marcos Valério está fazendo, implicitamente, esta
afirmação: é mentira que as
quantias por ele liberadas, em
contas das suas empresas, viessem de empréstimos para municiar financeiramente o PT de
Delúbio Soares. As altas somas
dadas a Roberto Brant e a
Paulo Manicucci foram doações para as campanhas eleitorais, pela prefeitura de Belo
Horizonte, do PFL e da coligação que juntou o PSDB de Manicucci e o PSB do candidato
João Leite. Marcos Valério diz em
sua nota, portanto, que financiou
os partidos e os candidatos adversários do PT e do vitorioso petista
Fernando Pimentel. O que, é claro, não se daria por indicação do
tesoureiro do PT.
A defesa apresentada por Marcos Valério e por Delúbio Soares
foi recebida como inconvincente.
Agora é confessadamente mentirosa.
Manancial
Dado como destinatário de R$
326,7 mil sacados de empresa de
Marcos Valério, Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil e conselheiro do fundo Previ,
deu longa entrevista que resultou
em uma sucessão de charadas insolúveis, com frases de sujeito
obscuro, fatos sem começo e sem
fim, um vasto todo só inteligível
para os muito informados sobre
os negócios e as negociatas entre
fundos de pensão estatais, bancos
e grandes empresas. O não-especialista boiou, à falta de explicitação jornalística.
Mas ali ficaram possibilidades
de exploração numerosas para a
CPI, caso a maioria de seus integrantes venha a preferir atividades investigatórias à comédia
pastelão. Pizzolato compete com
Marcos Valério e Delúbio Soares
em versão extravagante para explicar-se, mas abriu, na crise, o
assunto da relação entre decisões
dos fundos bilionários e o governo, ou Luiz Gushiken. Assunto
em que a Previ é a provável estrela do espetáculo.
Nostálgicos
Os ingleses passaram a fazer em
casa, contra estrangeiros, o que
faziam na África do Sul, na ex-Rodésia, na Índia, na antiga Birmânia, em parte da China, em
tantas regiões do mundo.
O governo brasileiro não teve
atitude à altura da covardia bestial com que a polícia londrina
assassinou Jean Charles de Menezes.
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