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Maioria recebeu em dinheiro ou por meio de depósito em conta
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dos 90 parlamentares investigados pela CPI por suposta
participação na máfia dos sanguessugas, a maioria teria recebido, como propina, pagamento em dinheiro ou depósito em
contas bancárias -as próprias
ou a de terceiros, como parentes e assessores.
A Folha consultou dois integrantes da CPI sobre como cada um dos 90 parlamentares é
acusado de ter recebido a suposta propina. De acordo com
o levantamento, 34 foram beneficiados com pagamento em
dinheiro vivo. Um deles seria o
senador Ney Suassuna (PB), líder da bancada do PMDB.
A reportagem apurou um
exemplo: segundo a família Vedoin, o deputado João Magalhães (PMDB-MG) recebeu R$
42 mil da quadrilha. O dinheiro
teria sido entregue em fevereiro deste ano no hotel Meliá, em
Brasília, onde a família Vedoin
é dona de um flat. Magalhães
teria sido agraciado por ter
apresentado em emendas que
juntas somam R$ 400 mil.
Outros 32 acusados tiveram
depósitos feitos em contas de
parentes ou assessores, de
acordo principalmente com a
acusação dos empresários. Mas
há quem tenha recebido das
duas formas, segundo os dados
colhidos pela CPI.
Seriam os casos de Junior
Betão (PL-AC), Cabo Júlio
(PMDB-MG), João Grandão
(PT-MS), César Bandeira
(PFL-MA), Elaine Costa (PTB-RJ), João Batista (PP-SP), Vanderlei Assis (PP-SP) e Amauri
Gasques (PL-SP).
Um dos integrantes da CPI
pôde consultar cópias de 11 recibos de depósitos, sempre ao
redor de R$ 10 mil, na conta do
deputado Cabo Júlio. Além do
número da agência e da conta
corrente (não ficou claro em
que banco), havia o nome completo: Júlio César Gomes dos
Santos. Segundo integrantes da
CPI ouvidos pela Folha, o caso
do cabo Júlio é dos mais graves
e mais bem documentados.
Único deputado petista até
agora denunciado formalmente pela quadrilha, João Grandão (MT) recebeu dois cheques, de R$ 10 mil cada um, em
contas de terceiros. Além disso,
teria recebido dinheiro vivo.
Automóveis também seriam
entregues como propina -segundo os Vedoin ao pelo menos sete parlamentares receberam veículos. Pedro Henry
(PP-MT) teria recebido uma
Blazer. Wanderval Santos, uma
BMW. Jefferson Campos
(PTB-SP) e Coronel Alves (PL-AP), um ônibus cada um.
A Folha não conseguiu apurar a acusação contra 15 dos 90
listados. Em relação a cinco deputados, a CPI dos Sanguessugas não teria reunido provas de
pagamento de vantagens. São
eles Feu Rosa (PP-ES), Gilberto Nascimento (PMDB-SP),
Marcelino Fraga (PMDB-ES),
Nilton Baiano (PP-ES) e Paulo
Magalhães (PFL-BA).
Quebra de decoro
O presidente da CPI, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), afirmou ontem que o senador Magno Malta (PL-ES), um
dos investigados, deverá ser o
primeiro parlamentar processado por quebra de decoro.
Em depoimento à Justiça Federal, o empresário Luiz Antonio Vedoin apresentou cópia
do DUT (Documento Único de
Trânsito) de um automóvel
Fiat Ducato que teria sido dado
de presente a Magno Malta.
Em nota, Malta afirmou que
utilizou o automóvel, mas por
meio de empréstimo, ocorrido
em 2003, feito pelo deputado
Lino Rossi (PP-MT) e "jamais
por qualquer empresa".
"Se o senador admitiu que
usou o veículo, fecharam-se os
elementos também para incluí-lo no relatório", disse Biscaia.
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