São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

"Um maestro"

A Aeronáutica quer aproveitar a mudança no Ministério da Defesa para ganhar espaço em detrimento da Anac. "O sistema foi desarmonizado e está carente de um maestro que possa subordinar todas as demais especialidades à tarefa de fazer voar com segurança", afirma um documento interno da Força aprovado pelo comandante Juniti Saito.
Para a FAB, o ideal é que o "maestro" seja alguém da própria corporação, indicado pelo novo ministro, Nelson Jobim, e com autoridade sobre os demais órgãos do setor -leia-se Anac e Infraero. Mas os militares já se darão por satisfeitos se o nome, mesmo não saindo de seus quadros, for "neutro" o bastante para retirar poder da detestada agência reguladora.

Prorrogação. Na terça, Lula avisou Guido Mantega que deslocaria Nelson Machado da Secretaria Executiva da Fazenda para o Ministério do Planejamento, pois Paulo Bernardo assumiria a Defesa. Conversou com Bernardo e Dilma Rousseff (Casa Civil), chamada a dar o suporte necessário ao colega nas novas atribuições. Tarde da noite, foi tudo abortado quando Nelson Jobim aceitou o terceiro convite do presidente.

É mesmo? Por volta das 11h30 de ontem, o vice José Alencar, ex-titular da Defesa, mostrou-se perplexo ao ser informado pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC) de que já existia um novo ministro.

Vento contra. A abertura de capital da Infraero, ora vendida como solução para as mazelas do setor, é idéia que não conta com a simpatia de alguns dos mais próximos interlocutores de Jobim.

Compulsório. Gracejo de um dos presentes à posse de Jobim, ao ver Antonio Palocci esperando para cumprimentar o ministro: "Essa fila ele vai ter que encarar".

De fininho. Marco Aurélio "top, top, top" Garcia chegou após o início da cerimônia. Tão logo acabou, o assessor de Lula saiu discretamente.

Magoei. Marco Aurélio já se queixou a mais de um petista: esperava uma palavra de solidariedade de Aloizio Mercadante. Ficou esperando.

De tudo. Entre os afilhados de políticos abrigados na Infraero está Mônica Alves, que ganhou fama, cinco anos atrás, ao levantar suspeitas sobre o patrimônio do ex-marido e líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Não-concursada, ela cuida da "parte comercial" do aeroporto de Brasília.

Entende? Depois da diretora Denise Abreu fazê-lo em entrevista, ontem foi a vez do presidente da Anac, Milton Zuanazzi, usar e abusar do verbo "linkar" no depoimento à CPI do Apagão Aéreo.

Na agenda. Lula marcou para a segunda semana de agosto, na volta de viagem à América Central, a tão aguardada visita à região Sul para promover obras do PAC. Vai passar por Porto Alegre, que preferiu evitar nos dias seguintes ao acidente da TAM.

Plantão. O secretário paulista da Segurança, Ronaldo Marzagão, designou um representante dos bombeiros e outro da Defesa Civil para ficarem em cada um dos dois hotéis que abrigam familiares de mortos no acidente à espera da liberação dos corpos.

DDD. Com as atenções voltadas para a crise aérea, Renan Calheiros (PMDB-AL) aproveita o refresco e vai telefonando para senadores da oposição em busca de apoio no Conselho de Ética na volta do recesso parlamentar.

Foco. Antonio Lavareda e Antonio Prado, dois dos mais respeitados profissionais de pesquisa do país, associaram-se em nova empresa, a APPM (Análise, Pesquisa e Planejamento de Mercado), que fará levantamentos de opinião e de mercado no Centro-Sul.

Tiroteio

"Ao admitir que as passagens vão ficar mais caras, o governo revela sua política de transporte aéreo: para quem não pode, aperto e risco; para quem pode, espaço e segurança.'


Do deputado GUSTAVO FRUET (PSDB-PR), da CPI do Apagão, sobre a advertência feita por autoridades do governo no anúncio das medidas para atenuar a crise nos aeroportos.

Contraponto

Fato relevante

Em sua intervenção ontem na CPI do Apagão Aéreo, durante o depoimento do presidente da Anac, Milton Zuanazzi, Fernando Gabeira (PV-RJ) chamou a atenção para o problema da escassez de informações para os passageiros que enfrentam todo tipo de transtorno.
-Aqui em Brasília, por exemplo, os telões espalhados pelo aeroporto deveriam ser usados para transmitir informações atualizadas sobre os atrasos de vôos.
O deputado cobrou providências da agência reguladora sobre a questão e concluiu com um protesto:
-Sempre que olho para aqueles telões só consigo saber onde vai ser a próxima festa da Wanessa Camargo!


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