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Caixa 2 financiou tucano em MG, diz PF
Irregularidade na campanha de Eduardo Azeredo está em relatório sobre "mensalão mineiro" entregue à Procuradoria
O hoje senador pelo PSDB
reafirmou à Folha que "é
absolutamente inocente" e
que se defenderá na Justiça
em momento oportuno
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal informou
ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, que recursos de origem
pública e privada, não declarados à Justiça Eleitoral, foram
usados na campanha do hoje
senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG) em 1998, quando
ele tentou se reeleger governador de Minas Gerais.
A irregularidade aparece em
relatório do inquérito no qual a
PF investigou o chamado
"mensalão mineiro", encaminhado ao procurador-geral no
dia 6 de julho. Os recursos não
declarados, segundo a PF, foram movimentados por uma
engenharia financeira que teria
sido montada por Marcos Valério Fernandes de Souza. Também haveria participação do
então tesoureiro da campanha
tucana, Cláudio Mourão.
Os investigadores do caso
acreditam que há fatos para o
procurador-geral denunciar
Azeredo. O senador reafirmou
à Folha que "é absolutamente
inocente". "Aguardarei a manifestação do procurador-geral e
me defenderei na Justiça, no
momento oportuno."
Um laudo do Instituto Nacional de Criminalística, que
integra a conclusão do inquérito, indica que, em 1998, Valério
fez 27 operações para injetar
R$ 38 milhões em contas de
suas empresas. Em nove empréstimos, contraídos dos bancos Rural e BCN, obteve R$ 34
milhões. Parte do dinheiro foi
para campanhas, diz a PF.
Azeredo declarou ao Tribunal Regional Eleitoral de Minas
ter arrecadado R$ 8,5 milhões.
Mais tarde, admitiu arrecadação paralela de R$ 8,5 milhões
e atribuiu a responsabilidade a
Mourão, que não foi localizado
na tarde de ontem.
O laudo pericial revela coincidência entre datas em que
Valério recebe créditos por supostos serviços a empresas públicas e privadas e pagamentos
das parcelas dos empréstimos.
A PF comprovou que as estatais Comig (atual Codemig),
Copasa (Cia. de Saneamento
Básico), além do Bemge, compraram cotas de publicidade de
R$ 1,5 milhão e R$ 1 milhão de
evento coordenado pelas empresas de Valério. Já a Cemig
(Companhia Energética de
MG) aportou R$ 1,7 milhão para a SMPB, agência de Valério.
No dia seguinte, a empresa
transferiu R$ 1,1 milhão para
candidatos do PSDB. A análise
indica ainda depósitos das empreiteiras Queiroz Galvão,
ARG, Tercam, Erkal e Egesa. O
advogado de Valério, Marcelo
Leonardo, negou irregularidade para injetar recurso na campanha de Azeredo.
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