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MÍDIA
José Masci de Abreu, do PSDB-SP, alugou emissora considerada a maior pirata de São Paulo para igreja
Deputado tem 3 rádios clandestinas
DANIEL CASTRO
da Reportagem Local
Dono da Rádio Atual AM (1.370
Khz), o deputado federal José
Masci de Abreu (PSDB-SP) mantém no Estado de São Paulo três
emissoras irregulares, que não
têm concessão do governo federal
que as autorize a funcionar.
Em sociedade com o irmão
Paulo Masci de Abreu, o deputado mantém as rádios 94.1 FM
(94.1 Mhz) e Apolo AM (1.230
Khz), em São Paulo, e a Difusora
de Iguape (750 Khz), em Registro,
a 185 km a sudoeste da capital.
Todas são consideradas clandestinas, ou piratas, pelo Ministério
das Comunicações.
Paulo de Abreu também é dono
da Comunicações Brasil Sat
(CBS), que controla, só na Grande
São Paulo, cinco emissoras não-clandestinas de FM (Scalla, Tupi,
Alpha, Kiss e Apolo) e três de AM
(Tupi, Iguatemi e Mundial).
A mais importante das emissoras irregulares dos irmãos Abreu
é a 94.1 FM, com antena na esquina da avenida Paulista com rua da
Consolação, em São Paulo.
A 94.1, que já se chamou Apolo
FM (atualmente na frequência
104.1 Mhz) e que hoje está alugada
para a Igreja Pentecostal Deus É
Amor, é a maior rádio clandestina
do Estado, com potência de 20 mil
watts e cobertura total na Grande
São Paulo -a maioria das rádios
piratas opera com 50 watts, com
cobertura de 5 km de raio, e as "legais", com concessão, têm transmissores de mais de 50 mil watts.
A 94.1 FM está no ar desde 96.
Em janeiro de 98, a Polícia Federal
abriu um inquérito para investigá-la, mas não pode fechá-la devido a uma liminar.
Existem cerca de 6.000 rádios
clandestinas no Brasil, das quais
1.200 estão na Grande São Paulo,
segundo estimativa do Fórum
Democracia na Comunicação,
entidade que as congrega.
São clandestinas, ou piratas, todas as emissoras que não possuem outorga, a autorização do
governo para funcionar. A atividade é considerada crime pelo decreto 236/67, com pena de até dois
anos de reclusão.
Entre as piratas, há pelo menos
dez de grande alcance, que são
captadas com qualidade por qualquer aparelho em pelo menos
duas regiões de São Paulo. Entre
elas, as mais potentes são, além da
94.1 FM, a Planeta 90 (90.1 Mhz),
com 10 mil watts, e a Nova Visão
(98.9 Mhz), com 1.500 watts declarados pela própria emissora.
Rádio fechada
O caso da 94.1, no entanto, é diferente porque José de Abreu diz
que ela é o restabelecimento de
uma rádio fechada em 1974, a Difusora de Iguape. Ou seja: seria a
reabertura, 22 anos depois (em
1996), de uma concessão extinta.
A Difusora de Iguape, criada em
1949, de fato obteve permissões
para operar em São Paulo em ondas curtas (AM) e em frequência
modulada (FM). Foi vendida por
Olavo Molina e Maria Frank, seus
donos originais, em 1969, para
Koei Okuhara.
Segundo os filhos de Molina,
Okuhara morreu antes de pagar
todas as parcelas da operação, e os
herdeiros de Okuhara a revenderam para José e Paulo de Abreu,
que assumiram a emissora e mudaram seu nome para Apolo.
Molina, então, entrou com uma
ação na Justiça Cível de São Paulo,
tentando reaver a rádio, mas perdeu para os Abreu. A emissora,
oficialmente, continuava em nome de Molina e Maria Frank.
Por causa da disputa judicial e
temendo que a filial de Registro
fosse tomada pela guerrilha de esquerda, o governo decretou a extinção da concessão da Difusora
de Iguape em 6 de março de 1974.
Em dezembro de 96, os irmãos
Abreu registraram na Junta Comercial de São Paulo contrato pelo qual Olavo Molina e Maria
Frank lhes vendiam a emissora. O
contrato é datado de 7 de março
de 74, um dia após a extinção da
concessão, e é considerado falso
por perito (leia texto abaixo).
Desde 96, José de Abreu fez pelo
menos duas tentativas de legalizar
as emissoras clandestinas no Ministério das Comunicações.
Em 97, ele conseguiu uma liminar na 1ª Vara da Justiça Federal
de Brasília impedindo que as rádios fossem fechadas. A ação
principal, que irá decidir se a concessão cassada em 74 deve ser restabelecida, aguarda sentença.
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