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ORÇAMENTO
Lula se reúne na quinta-feira com ministros
Rombo nas contas do INSS em 2004 deve saltar para R$ 31 bi
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ritmo lento da economia e a
previsão de aumento real (acima
da inflação) de 5% para o salário
mínimo em 2004 farão explodir o
rombo nas contas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social)
no ano que vem. O déficit, que deve chegar a R$ 26,1 bilhões neste
ano, segundo estimativa do Ministério da Previdência Social, saltará para R$ 31 bilhões.
O número foi apresentado pelo
ministro Guido Mantega (Planejamento) a um grupo de deputados e senadores como um dos fatores que vão limitar os investimentos públicos em 2004, além
da necessidade de o governo economizar R$ 42,4 bilhões na administração direta para ajudar a pagar os juros da dívida pública.
A proposta de Orçamento da
União para 2004 será apresentada
formalmente pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva aos ministros
e aos líderes partidários em reuniões na quinta. Logo cedo, os ministros também conhecerão detalhes do PPA (Plano Plurianual),
com as indicações de investimentos públicos para o período de
2004 a 2007. Os projetos seguirão
para o Congresso no mesmo dia.
O déficit do INSS vai crescer
apesar de parte dos trabalhadores
da iniciativa privada recolher em
2004 R$ 1,9 bilhão extra em consequência do novo teto de benefícios, de R$ 2.400, fixado na emenda constitucional da reforma da
Previdência. A conta será paga
por 2,35 milhões de trabalhadores
que contribuem pelo teto.
As despesas subirão de R$ 105,3
bilhões neste ano para R$ 122,2 bilhões em 2004, sobretudo por
causa do aumento real do salário
mínimo. Apesar de o percentual
exato do aumento só ser definido
em abril do ano que vem, a proposta do Orçamento já leva em
conta a possibilidade de um aumento real de 5%.
Ritmo
A arrecadação do INSS não seguirá o mesmo ritmo do aumento
da despesa. Segundo a explicação
do ministro Mantega aos congressistas, o motivo é a "estagnação da economia". Como as contribuições ao INSS dependem dos
salários pagos, elas tendem a cair
na proporção direta ao desemprego e à queda de renda dos trabalhadores.
Alimenta o déficit do INSS o pagamento de aposentadorias rurais, considerado o maior programa de renda mínima do país.
Na apresentação da proposta de
Orçamento que submeterá ao
Congresso, Lula destacará o aumento de verbas destinadas aos
programas de transferência de
renda às famílias mais pobres: de
R$ 4,3 bilhões em 2003 para R$ 5,5
bilhões em 2004.
Os ministérios da Saúde e da
Educação terão os maiores aumentos nas autorizações de gastos em 2004. Sem contar com os
gastos de pessoal, os dois ministérios terão juntos R$ 34,5 bilhões.
Os demais terão R$ 19,7 bilhões.
Além dos gastos com a Previdência e com os juros da dívida,
outra despesa alta que limita os
investimentos públicos será o pagamento de pessoal.
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