São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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TODA MÍDIA

Na torcida

Nelson de Sá

A Olimpíada pegou, afinal. Segundo o "Painel", o Congresso já faz até "cessar-fogo" entre governo e oposição para assistir às transmissões.
Nesta semana, os picos de audiência no fim de tarde já se aproximam dos 50 pontos, para Globo e Band. E quem está nos intervalos, para tirar o que pode da febre, é o governo Lula.
Segundo Daniel Castro, na coluna de televisão da Folha, um levantamento do Controle da Concorrência, que monitora publicidade, mostrou que até o domingo passado foram mais de sete horas de "megacampanha" voltada aos Jogos.
São 12 inserções ao todo, distribuídas entre cinco estatais e o próprio governo federal.
Não à toa, também a home da estatal Radiobrás celebrava ontem o "segundo ouro do Brasil", com Ricardo e Emanuel.
Mais estranhamente, também o site eleitoral de Marta Suplicy embarcou no ôba-ôba, com uma foto de Ricardo durante o jogo e uma legenda assim:
- Brasil é ouro no vôlei de praia. Campanha de Marta está na torcida por mais medalhas.
 
Os patriotas profissionais Galvão Bueno, da Globo, e José Luiz Datena, da Band, "concorrem a ouro em urro", no dizer de José Simão, no UOL News.
Mas o site Nomínimo, em texto de Guilherme Fiuza, pescou a frase que marca a transmissão destes Jogos -e não é de nenhum dos dois, mas do comentarista de iatismo da Globo, na vitória de Robert Scheidt:
- Nessas horas, o sangue alemão faz a diferença.
O site se esforçou por conter a própria revolta, mas terminou por contrapor a ginasta Daiane dos Santos a Scheidt:
- Dos Santos é para sempre o nome de manobra olímpica sobre-humana, enquanto Scheidt continua apenas um digno e honrado sobrenome humano.
Daiane, diz a Globo On Line, é também uma boneca. Está para sair a Suzi Ginástica Olímpica, "negra como Daiane".
 
Não é só por aqui que a Olimpíada vai bem de audiência. Nos EUA, diz o site E!, houve aumento de sete pontos em relação aos Jogos de 2000.
Mas a notícia lá é outra. O órgão para comunicações anunciou ter recebido dez reclamações contra a transmissão da NBC, por conta dos uniformes que mostram "seios nos Jogos" e "genitália masculina".
O site E! contrapôs, não sem ironia, as dez reclamações aos 185 milhões, 67% da população do país, que assistiram só à cerimônia de abertura.

NOVAS MARCAS

Reprodução
Marta, de branco, mostra maquete do "CEU Saúde" e introduz o médico que atuou "ao lado de Serra"

O marqueteiro Duda Mendonça demorou, mas surgiu com uma nova "marca" para a campanha municipal. Na área de maior exposição de Marta Suplicy, a saúde, criou um "CEU Saúde" e o apresentou no horário eleitoral da noite com uma maquete detalhada, com direito até a uma piscina para fisioterapia. Na chefia do programa, o médico que "coordenou toda a implantação do projeto dos genéricos ao lado do ministro José Serra". Citaram Serra, porque não têm como vencer sua imagem na área.
De sua parte, o tucano e o marqueteiro Luiz Gonzalez, também no horário eleitoral, voltaram a tratar da gestão na saúde, mas desta vez se concentraram nas mulheres eleitoras -e, também eles, no lançamento de uma nova "marca". O programa foi batizado de "Mãe Paulistana".

CAMPANHA ESTADUAL

Reprodução
Serra em "telefonema" para Geraldo Alckmin; "junto com o governador", promete "ampliar" o Bilhete Único

A campanha municipal que seria "federal" se tornou "estadual". José Serra e Marta Suplicy disputam entre si, nos comerciais, o governador tucano Geraldo Alckmin.
O primeiro ameaça que só com ele, com "prefeitura e governo trabalhando juntos, sem briga", o Bilhete Único será ampliado para o metrô. É o marketing do medo -e também uma forma de tomar uma "marca" da prefeita.
A segunda tenta mostrar que administra sem conflito com Alckmin. Dá como exemplo uma estação de metrô que não existia em projeto e deve sair porque ela teria sugerido "que a prefeitura pagasse o custo da construção".

Até as urnas
Foi manchete no Jornal da Record e em toda parte:
- O desemprego na região metropolitana de São Paulo é o menor no governo Lula.
Mas a Globo On Line destacou o que importa, de fato, para a campanha eleitoral:
- Desemprego deverá continuar em queda nos próximos meses em São Paulo.

Troféu eleitoral
Afinal uma voz de governo, qualquer governo, saiu a questionar o uso eleitoral da chacina de mendigos. Do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, na Globo On Line:
- É ruim que um acontecimento assim seja usado com fins político-partidários. Estes pobres acabam se tornando troféu eleitoral.


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