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PF indicia ex-ministro de Lula e Delúbio por fraude
Humberto Costa convocou entrevista para anunciar que é alvo da Operação Vampiro
Candidato do PT ao governo pernambucano se diz inocente e afirma que divulgou o caso para
evitar exploração política
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-ministro da Saúde e
candidato do PT ao governo de
Pernambuco, Humberto Costa,
anunciou ontem, em Recife, ter
sido indiciado pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento no escândalo dos vampiros -esquema de fraudes em licitações para a compra superfaturada de hemoderivados
descoberto em 2004.
Também foram indiciados o
ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares e 40 servidores, empresários e lobistas.
Costa disse que foi indiciado
por supostos crimes de formação de quadrilha, corrupção
passiva e fraude em licitação.
Segundo ele, a decisão de anunciar o fato foi tomada para evitar a "exploração" do caso, com
o vazamento das informações.
"A maior prova de que não tenho nada a temer é que eu estou antecipando um fato negativo." O indiciamento ocorreu
em 28 de julho.
"Serei inocentado, mas a
gente sabe que o prejuízo político pode ser significativo",
afirmou o ex-ministro. "Passada a eleição, dizer que sou inocente não me interessa. Eu
quero agora."
O petista estava no comando
do ministério em maio de
2004, quando a PF prendeu 17
pessoas que teriam participação no esquema revelado pela
Operação Vampiro. Entre os
presos estava Luiz Cláudio Gomes da Silva, que havia sido nomeado por Costa como coordenador de Recursos Logísticos
do Ministério da Saúde.
O nome de Delúbio apareceu
no caso quando o lobista Francisco Honorato, também preso
na operação, disse em depoimento à PF que o lobista Laerte
Corrêa tinha autorização do
então tesoureiro para arrecadar recursos para o PT no segmento das indústrias farmacêuticas. Corrêa também foi
preso na operação vampiro.
Ouvido na ocasião, Delúbio
afirmou: "Não é segredo que o
PT recebeu doações de campanha de laboratórios. Foi cerca
de R$ 1,5 milhão ou R$ 1,6 milhão. Mas está tudo declarado
na prestação de contas".
O ponto de partida para a
descoberta das fraudes foi denúncia feita ao ministério por
empresas que participaram de
licitação para a compra de hemoderivados e apontaram irregularidades.
Baseado na denúncia, o Tribunal de Contas da União fez
um relatório confirmando a
existência de irregularidades
entre 1998 e 2002. Na investigação, também com base em
escutas telefônicas feitas com
autorização judicial, a PF detectou que as práticas irregulares continuaram em 2003.
As empresas, geralmente representadas por lobistas que tinham acesso a informações
privilegiadas, combinavam
preços e dividiam lotes de medicamentos nas concorrências
realizadas.
Caberá ao procurador Gustavo Pessanha, do Ministério Público Federal, analisar o relatório policial e decidir se irá denunciar os investigados pela
prática de crimes.
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