São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

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PF indicia ex-ministro de Lula e Delúbio por fraude

Humberto Costa convocou entrevista para anunciar que é alvo da Operação Vampiro

Candidato do PT ao governo pernambucano se diz inocente e afirma que divulgou o caso para evitar exploração política


FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-ministro da Saúde e candidato do PT ao governo de Pernambuco, Humberto Costa, anunciou ontem, em Recife, ter sido indiciado pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento no escândalo dos vampiros -esquema de fraudes em licitações para a compra superfaturada de hemoderivados descoberto em 2004.
Também foram indiciados o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e 40 servidores, empresários e lobistas.
Costa disse que foi indiciado por supostos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e fraude em licitação. Segundo ele, a decisão de anunciar o fato foi tomada para evitar a "exploração" do caso, com o vazamento das informações. "A maior prova de que não tenho nada a temer é que eu estou antecipando um fato negativo." O indiciamento ocorreu em 28 de julho.
"Serei inocentado, mas a gente sabe que o prejuízo político pode ser significativo", afirmou o ex-ministro. "Passada a eleição, dizer que sou inocente não me interessa. Eu quero agora."
O petista estava no comando do ministério em maio de 2004, quando a PF prendeu 17 pessoas que teriam participação no esquema revelado pela Operação Vampiro. Entre os presos estava Luiz Cláudio Gomes da Silva, que havia sido nomeado por Costa como coordenador de Recursos Logísticos do Ministério da Saúde.
O nome de Delúbio apareceu no caso quando o lobista Francisco Honorato, também preso na operação, disse em depoimento à PF que o lobista Laerte Corrêa tinha autorização do então tesoureiro para arrecadar recursos para o PT no segmento das indústrias farmacêuticas. Corrêa também foi preso na operação vampiro.
Ouvido na ocasião, Delúbio afirmou: "Não é segredo que o PT recebeu doações de campanha de laboratórios. Foi cerca de R$ 1,5 milhão ou R$ 1,6 milhão. Mas está tudo declarado na prestação de contas".
O ponto de partida para a descoberta das fraudes foi denúncia feita ao ministério por empresas que participaram de licitação para a compra de hemoderivados e apontaram irregularidades.
Baseado na denúncia, o Tribunal de Contas da União fez um relatório confirmando a existência de irregularidades entre 1998 e 2002. Na investigação, também com base em escutas telefônicas feitas com autorização judicial, a PF detectou que as práticas irregulares continuaram em 2003.
As empresas, geralmente representadas por lobistas que tinham acesso a informações privilegiadas, combinavam preços e dividiam lotes de medicamentos nas concorrências realizadas.
Caberá ao procurador Gustavo Pessanha, do Ministério Público Federal, analisar o relatório policial e decidir se irá denunciar os investigados pela prática de crimes.


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