São Paulo, quarta-feira, 26 de agosto de 2009

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Lina afirma que pecado foi focar "grandes"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira divulgou nota ontem em que classificou a exoneração de pessoas ligadas a ela como um "perigoso recuo" no processo de fortalecimento do órgão.
Nesta semana, seis servidores em cargos de confiança nomeados pela ex-secretária foram exonerados pelo atual chefe da Receita, Otacílio Cartaxo, e muitos outros pediram para deixar suas funções, em resposta ao que chamam de interferência política no órgão.
"As instituições de Estado -como é o caso da Receita Federal- somente poderão exercer o seu papel constitucional se compostas por servidores que primem pela ética no serviço público, imunes a influências políticas de partidos ou de governos. Os governos passam, o Estado fica, e com ele, os servidores públicos", diz a nota.
É a primeira vez que ela se manifesta após ter reafirmado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado que se encontrou com Dilma Rousseff (Casa Civil), no final de 2008, quando a ministra teria lhe pedido que agilizasse a fiscalização em empresas da família do senador José Sarney (PMDB-AP). Dilma nega o encontro.
"Esses colegas são pessoas sérias, de competência inquestionável, cujo único pecado foi o compromisso com um projeto de uma Receita Federal independente e focada nos grandes contribuintes", concluiu a ex-secretária.
Henrique Jorge Freitas, subsecretário de Fiscalização, que, segundo Lina, pode ser uma testemunha do encontro dela com Dilma, é um dos que pediram para sair do cargo. Foi para ele que Lina diz ter pedido levantamento sobre o caso Sarney após seu alegado encontro com Dilma.
Numa carta endereçada a vários auditores na Receita, Freitas contou que Cartaxo lhe confidenciou que seu cargo havia sido pedido pelo ministro Guido Mantega (Fazenda).
"Fui comunicado pelo sr. secretário que não era de interesse do ministro da Fazenda a minha continuidade à frente da subsecretaria de Fiscalização [...]. Diante dessa situação, nessa segunda-feira, em conversa com o dr. Cartaxo, solicitei pressa na consumação do ato de minha exoneração", escreveu.


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