São Paulo, Quinta-feira, 26 de Agosto de 1999 |
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PROTESTO Segurança e oposição defendem calma na "Marcha dos 100 Mil"" FHC enfrenta maior ato contra o seu governo hoje
da Sucursal de Brasília da Reportagem Local Fernando Henrique Cardoso enfrenta hoje, a partir das 11h, o maior protesto contra seu governo desde que assumiu pela primeira vez a Presidência, em 1995. A "Marcha dos 100 Mil" chega hoje a Brasília pedindo a abertura de um processo por suposto crime de responsabilidade de FHC no processo de privatização das teles. Alguns setores vão pedir o impeachment do presidente. Segundo a CUT (Central Única dos Trabalhadores), 93.420 manifestantes de todos os Estados já estão confirmados. O número, segundo a organização, vai passar dos 100 mil. Até agora, a maior manifestação já feita contra o governo FHC, a marcha dos sem-terra de abril de 1997, reuniu entre 30 mil (segundo a PM) e 50 mil pessoas (segundo os organizadores). O Gabinete Militar da Presidência e o governo do Distrito Federal estão prevendo entre 50 mil e 60 mil manifestantes. A maior preocupação do governo FHC é com a pulverização do movimento, que está dividido e não conseguiu fechar um manifesto em comum -há apenas o abaixo-assinado pedindo a abertura do processo na Câmara. Um contingente de 7.100 homens fará a segurança da Esplanada e regiões próximas ao local da manifestação. O ministro-chefe do Gabinete Militar da Presidência, general Alberto Cardoso, disse que a orientação dos policiais responsáveis pela segurança na Esplanada é evitar "ao máximo" o confronto. Segundo ele, não há informações sobre a existência de grupos predispostos ao conflito. "A manifestação vai ser ordeira, pacífica." FHC mantém hoje agenda normal no Palácio do Planalto. O porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, disse ontem que a marcha "faz parte da democracia e do direito à livre manifestação" e que o presidente espera que ocorra "dentro da lei e da ordem". "O próprio governo tem interesse em infiltrar provocadores para desgastar a manifestação",afirmou o líder do PC do B na Câmara, Aldo Rebelo (SP). Desde ontem, os organizadores estão distribuindo um manual para orientar o manifestante, pedindo, entre outras coisas, que o participante não aceite provocações, denuncie qualquer problema à organização e mantenha a calma em qualquer situação. O abaixo-assinado deverá ser entregue ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). ""Temos mais de 1 milhão de assinaturas no abaixo-assinado", disse Sandra Cabral, secretária de comunicação da CUT. Promovem a marcha o PT, PDT, PSB, PC do B, PCB, PMN, PSTU e 17 entidades -como CUT, MST e UNE. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) estarão ausentes. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) será representada por Pastorais Sociais da entidade. O líder petista Luiz Inácio Lula da Silva vai encerrar o ato com o seu discurso. Prevendo atrasos, a organização da manifestação estabeleceu um limite para o término do ato: 16h. No cronograma da marcha, a previsão é encerrar às 14h30. Os coordenadores da manifestação passaram os últimos dias em reuniões com as principais entidades inscritas na marcha, inclusive com lideranças da LOC (Liga Operária Camponesa) e do PCO (Partido da Causa Operária), organizações consideradas de extrema esquerda. "Conversamos com todas as lideranças dessas organizações e todos assumiram o compromisso de fazer um ato absolutamente pacífico. Ninguém está autorizado a desrespeitar o patrimônio público", disse o ex-deputado e presidente do PT do Distrito Federal, Chico Vigilante, coordenador da segurança da marcha. Dados da CUT indicam que até agora foram gastos cerca de R$ 120 mil com a organização do evento. Alimentação, ônibus e material de propaganda estão sendo custeados pelas entidades. (DENISE MADUEÑO, ABNOR GONDIM e PATRICIA ZORZAN) pág. 1-5 à pág. 1-8 Texto Anterior: Painel Próximo Texto: "Tudo pode acontecer" se houver violência, diz ACM Índice |
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