São Paulo, Domingo, 26 de Setembro de 1999
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ACRE
Detenções devem ocorrer já nesta semana; 26 acusados de integrar grupo de Hildebrando chegam a Brasília
Mais 30 policiais poderão ser presos

da Sucursal de Brasília

Na chegada a Brasília dos 26 presos acusados de integrar a suposta organização criminosa liderada pelo ex-deputado Hildebrando Pascoal (AC), o delegado da Polícia Civil Ari Régis afirmou que mais 20 policiais militares e entre 5 e 10 policiais civis deverão ser presos no Acre a partir desta semana.
O avião Hércules da FAB trazendo os presos pousou no aeroporto de Brasília a 0h55 de ontem. O grupo de presos era composto por 11 PMs, 10 policiais civis e 5 civis acusados de envolvimento em assassinatos.
Cerca de 50 policiais federais do COT (Comando de Operações Táticas) e da DAOP (Divisão de Aviação Operacional) fizeram a segurança do comboio até a superintendência da Polícia Federal em Brasília. O microônibus que transportava os presos foi seguido por seis carros e mais um helicóptero da PF.
Antes de serem recolhidos à superintendência da PF, às 3h15, os presos foram levados ao IML (Instituto Médico Legal), onde fizeram exame de corpo de delito, para ficar comprovado que não sofreram lesões.
O delegado Régis, que acompanhou os presos desde Rio Branco (AC), afirmou que, com o afastamento deles do Acre, "devem surgir fatos novos".
"Na próxima semana (esta semana) devem ocorrer novas prisões. Acreditamos que mais 20 policiais militares e entre 5 e 10 policiais civis sejam presos."
Ele afirmou que "muitas pessoas não iam até a Polícia Federal prestar depoimento porque estavam com medo". "Na Polícia Civil o pessoal não confiava, porque poderia haver policiais envolvidos. Com a saída desse grupo, o clima em Rio Branco hoje é de tranquilidade", disse.
O delegado afirmou que o governo anterior "não tinha interesse" em combater o narcotráfico e os grupos de extermínio. Régis disse que o atual governador, Jorge Viana (PT), "não aceita o envolvimento de policiais com grupos de extermínio".
O avião Hércules estacionou longe do hangar da PF, mas os policiais estacionaram o microônibus a apenas dez metros dos fotógrafos e cinegrafistas. Assim, os presos foram obrigados a passar algemados (dois a dois) na frente das câmeras.
Entraram no microônibus escoltados pelos policiais armados de escopetas e de fuzis HK-47 e AR-15, além de pistolas.
Como a maioria dos presos, o tenente dentista da PM Pedro Pascoal Pinheiro Neto, irmão de Hildebrando, não escondeu o rosto. Também estava no grupo um primo de Hildebrando, o policial civil Paulo Bandeira.
Os parentes do deputado José Aleksandro da Silva (PFL-AC), que era suplente de Hildebrando, também não protegeram o rosto. O irmão do deputado, Alexandre Alves da Silva, é homicida condenado. O tio do deputado, José Filho de Andrade, o "Zé Branco", era chefe da segurança da Câmara Municipal de Rio Branco.
Os presos ficarão na superintendência da PF pelo menos até as 13h de amanhã, quando a Justiça deverá determinar a transferência deles para um quartel da PM ou outro local.

Último preso
A PM do Acre prendeu anteontem o último dos acusados de integrar a organização supostamente liderada por Hildebrando. Raimundo Braga, o Braguinha, foi preso às 21h30, depois que o avião que transportou outros acusados já havia deixado Rio Branco.



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