São Paulo, Domingo, 26 de Setembro de 1999
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Setor recebe recusa por ser "inviável"

da Agência Folha, em Londrina

O empresário Josevan Ferreira Tomás, 39, e mais três sócios tiveram que bancar com recursos próprios R$ 2 milhões para a instalação de um abatedouro de aves em Jaguapitã. Segundo Tomás, o BNDES considerou o setor "inviável" para justificar a negativa de financiamento.
O empresário disse que os sócios reivindicaram, no final do ano passado, R$ 600 mil para viabilizar a implantação do abatedouro. "Fomos recebidos pela direção do banco, tomamos um cafezinho, mas ficou nisso."
Com capacidade para abater 4.000 frangos/hora, o frigorífico funciona há 40 dias e emprega 80 funcionários. Em três meses, o objetivo é manter uma produção diária de 10.000 frangos abatidos, "o que irá elevar o número de empregados para 120", afirmou Tomás. Ele não informou a previsão de faturamento.
O empresário disse que está tentando um novo financiamento para instalar uma graxaria (para aproveitamento de vísceras e penas das aves) no abatedouro. Serão necessários mais R$ 200 mil para o projeto.
Ele continua com dificuldades para receber crédito do BNDES. "É irônico. Antes afirmavam que não tínhamos garantia para o valor solicitado (R$ 600 mil). Agora dizem (o BNDES) que só financiam acima de R$ 800 mil."

Cooperativa
Não são apenas os pequenos que não conseguem acesso às linhas do banco. A Corol (Cooperativa Agrícola de Rolândia), de Rolândia (norte do Paraná), é uma das mais sólidas cooperativas do Paraná e também foi rechaçada pelo BNDES.
Com 3.500 filiados, 1.050 empregados e um faturamento previsto para este ano de R$ 200 milhões, a Corol teve um pedido de financiamento, para sua indústria de sucos de laranja, considerado inviável pelo banco.
"As restrições são grandes. Hoje usamos recursos do BNDES, por meio de outros agentes financeiros, apenas para pequenos financiamentos", afirmou Eliseu de Paula, 53, presidente da Corol.
De Paula reclama ainda uma especial atenção do governo federal para os negócios agrícolas. "Temos vários projetos de investimentos, mas em termos nacionais falta uma linha adequada de crédito a longo prazo, com a carência inicial de pelos menos cinco anos que o setor requer."
A Corol atua nos setores de grãos, laranja, café, leite, açúcar, mandioca e co-geração de energia elétrica.
Em todos estes segmentos existem planos de expansão. A cooperativa pretende também atuar no setor de carnes.
De Paula disse que está reivindicado R$ 32 milhões do Recop (plano de Revitalização do Cooperativismo Brasileiro) para esses investimentos.
"O problema é que, assim como nos financiamentos do BNDES, existe muita propaganda oficial, muita política e análise, mas pouca ação concreta", declarou o empresário.
(JOSÉ MASCHIO)


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