São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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Lula e Dirceu têm 1º reencontro público

TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Um rápido e seco aperto de mão, seguido de poucas palavras. Foi assim o encontro ontem entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-ministro da Casa Civil, deputado José Dirceu (PT-SP).
Os dois apareceram juntos em público pela primeira vez desde a saída de Dirceu da Casa Civil, em junho deste ano, sob denúncias de que comandaria no governo um esquema de corrupção política de parlamentares.
O encontro -durante o velório do ativista político Apolônio de Carvalho, ontem, no Rio de Janeiro- ocorreu no dia em que a Folha publicou a primeira entrevista exclusiva do ex-ministro desde o início da crise.
À colunista Mônica Bergamo, Dirceu disse que Lula, apesar de não participar das decisões do PT e de desconhecer o uso de caixa dois em sua campanha, tem responsabilidade política na crise, porque é um dos líderes do PT e a estratégia eleitoral do partido para 2002 foi definida em conjunto.
O presidente chegou ao cemitério do Caju (na zona norte do Rio) antes das 10h30 e se dirigiu à capela B, onde o corpo de Apolônio era velado. Anteontem, o corpo havia sido velado na Câmara Municipal. O presidente ficou cerca de dez minutos e, ao sair, cumprimentou algumas pessoas. A menos de cinco metros do presidente, o deputado José Dirceu esperava a sua vez. Foi do ex-ministro a iniciativa da aproximação.
Ele fez um sinal de positivo com o polegar para a primeira-dama, Marisa Letícia, antes de cumprimentá-la com dois beijos no rosto. Em seguida, Lula apertou-lhe a mão rapidamente. Os dois trocaram poucas palavras.
Logo depois, o presidente seguiu de carro para o crematório. A viúva de Apolônio, Renée Carvalho, o acompanhou, enquanto Dirceu ia embora. A pé, cerca de 200 pessoas seguiram o corpo até o crematório, onde o presidente ficou mais dez minutos.
Na saída, quem recebia mais atenção do presidente que Dirceu era o pré-candidato ao governo do Rio, Vladimir Palmeira.
Os dois se abraçaram duas vezes e conversaram por cerca de cinco minutos. Palmeira mais ouviu do que falou. Lula gesticulou bastante. A imprensa foi mantida à distância. Ao final do encontro, Palmeira não quis revelar o tema da conversa com o presidente.
Segundo o deputado estadual Carlos Minc (PT-RJ), Palmeira fez questão de afirmar aos presentes que "é mais candidato que nunca" ao governo do Estado. "Ele é unanimidade no Rio e falamos sobre isso. Mas não me contou sobre o teor da conversa dele com o presidente", disse Minc.
A atenção dispensada a Palmeira foi notada pelo senador Eduardo Suplicy. "O que eu percebi é que, tanto na chegada quanto na saída, o presidente fez questão de ser muito carinhoso e atencioso com o Vladimir. Chegou a segurar nos dois braços com as mãos e mandou uma mensagem prolongada, mostrando bastante afinidade", disse Suplicy.


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