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Lula e Dirceu têm 1º reencontro público
TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Um rápido e seco aperto de
mão, seguido de poucas palavras.
Foi assim o encontro ontem entre
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e ex-ministro da Casa Civil,
deputado José Dirceu (PT-SP).
Os dois apareceram juntos em
público pela primeira vez desde a
saída de Dirceu da Casa Civil, em
junho deste ano, sob denúncias
de que comandaria no governo
um esquema de corrupção política de parlamentares.
O encontro -durante o velório
do ativista político Apolônio de
Carvalho, ontem, no Rio de Janeiro- ocorreu no dia em que a Folha publicou a primeira entrevista
exclusiva do ex-ministro desde o
início da crise.
À colunista Mônica Bergamo,
Dirceu disse que Lula, apesar de
não participar das decisões do PT
e de desconhecer o uso de caixa
dois em sua campanha, tem responsabilidade política na crise,
porque é um dos líderes do PT e a
estratégia eleitoral do partido para 2002 foi definida em conjunto.
O presidente chegou ao cemitério do Caju (na zona norte do Rio)
antes das 10h30 e se dirigiu à capela B, onde o corpo de Apolônio
era velado. Anteontem, o corpo
havia sido velado na Câmara Municipal. O presidente ficou cerca
de dez minutos e, ao sair, cumprimentou algumas pessoas. A menos de cinco metros do presidente, o deputado José Dirceu esperava a sua vez. Foi do ex-ministro a
iniciativa da aproximação.
Ele fez um sinal de positivo com
o polegar para a primeira-dama,
Marisa Letícia, antes de cumprimentá-la com dois beijos no rosto. Em seguida, Lula apertou-lhe a
mão rapidamente. Os dois trocaram poucas palavras.
Logo depois, o presidente seguiu de carro para o crematório.
A viúva de Apolônio, Renée Carvalho, o acompanhou, enquanto
Dirceu ia embora. A pé, cerca de
200 pessoas seguiram o corpo até
o crematório, onde o presidente
ficou mais dez minutos.
Na saída, quem recebia mais
atenção do presidente que Dirceu
era o pré-candidato ao governo
do Rio, Vladimir Palmeira.
Os dois se abraçaram duas vezes
e conversaram por cerca de cinco
minutos. Palmeira mais ouviu do
que falou. Lula gesticulou bastante. A imprensa foi mantida à distância. Ao final do encontro, Palmeira não quis revelar o tema da
conversa com o presidente.
Segundo o deputado estadual
Carlos Minc (PT-RJ), Palmeira fez
questão de afirmar aos presentes
que "é mais candidato que nunca" ao governo do Estado. "Ele é
unanimidade no Rio e falamos
sobre isso. Mas não me contou sobre o teor da conversa dele com o
presidente", disse Minc.
A atenção dispensada a Palmeira foi notada pelo senador Eduardo Suplicy. "O que eu percebi é
que, tanto na chegada quanto na
saída, o presidente fez questão de
ser muito carinhoso e atencioso
com o Vladimir. Chegou a segurar nos dois braços com as mãos e
mandou uma mensagem prolongada, mostrando bastante afinidade", disse Suplicy.
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